Não, o “fascismo” não existiu em Portugal!

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MIGUEL MATTOS CHAVES

Estou, como cidadão português, farto das mentiras absurdas de pessoas que tenho dificuldade em considerar como compatriotas – pessoas que contaram, e continuam a contar, histórias mentirosas sobre o meu País e sobre o seu passado. Tentarei desmascarar o mais importante, sobre este tema.

Vem isto a propósito de ter lido, com algum espanto (pois pensei que, ao fim de 40 anos de regime democrático, a mentira e os insultos à nossa memória colectiva, a este nível, já não seriam possíveis), vários comentários do PCP, publicados em vários órgãos de informação. Vamos então à desmontagem dessas mentiras.

Existiu o “Fascismo em Portugal”? Só os ignorantes políticos, ou os de má-fé, continuam a afirmar que em Portugal se seguiram as linhas de uma teoria política de carácter eminentemente ditatorial (na sua forma de exercício do Poder Político sobre as massas), teoria essa aliás com grandes semelhanças, na forma de fazer política e no exercício do Poder, à construída pelos teóricos da “Ditadura do Proletariado”, defendida pelo Partido Comunista Português e posta em prática, com inacreditável violência e brutalidade, pelos Sovietes, desde 1917 a 1989, na ex-União Soviética.

O termo “Fascista” vem do termo latino “fasces”, na expressão “fasces lictoris” (em italiano, fascio littorio: “feixe de lictor”), e referia-se a um símbolo de origem etrusca, usado pelo Império Romano, e que estava associado ao poder e à autoridade. Era então denominado “fasces lictoriae”, por ser carregado por um “lictor”, o qual, na Roma Antiga, em cerimónias oficiais – jurídicas, militares e outras – precedia a passagem de figuras da suprema magistratura, abrindo caminho através do povo. Modernamente, foi incorporado pelo regime fascista em Itália.

No final do século XIX, os “fasci” eram grupos políticos e paramilitares que constituíram a base do movimento fascista. O texto mais conhecido sobre a Doutrina do Fascismo foi escrito por Giovanni Gentile, um filósofo idealista, que serviu como filósofo oficial de Benito Mussolini, tendo este último assinado o texto, o qual acabou por lhe ser atribuído oficialmente, embora erradamente. Só em Itália existiu o Fascismo.

Na Alemanha, parte dos princípios da Doutrina Fascista foi também seguida pelo Nacional-Socialismo, através do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, liderado por Adolf Hitler, vulgarmente conhecido pela abreviação de Partido Nazista (porque assim convém a socialistas e comunistas) e cujos seguidores tinham como um dos seus objectivos combater o Comunismo.

O descalabro da I República

É um erro muito comum, induzido pela classe política dirigente no período de 1974 a 1979, mas que demonstra três coisas básicas: falta de estudo de quem o afirma; má-fé intelectual de quem o diz, ou por fim, e sendo bondoso, falta de seriedade intelectual.

Simplificando: na verdade, de 1926 a 1974, existiram dois regimes ou fases principais de exercício do Poder Político, a saber:

Numa 1ª fase, foi instaurada uma Ditadura Militar que durou de 1926 a 1933, a qual foi instaurada na sequência do golpe militar de 28 de Maio de 1926. Este golpe militar foi chefiado pelo Marechal Gomes da Costa, herói da I Guerra Mundial. Este golpe derrubou, com o apoio explícito da esmagadora maioria da população portuguesa, a anarquia e a desordem civil que caracterizou o regime da I República, a qual durou de 1910 a 1926.

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