Miguel Mattos Chaves

MIGUEL MATTOS CHAVES

Doutorado em Estudos Europeus (Economia) pela Universidade Católica Portuguesa

 

A competitividade é um tema muito mal tratado face à realidade. É lamentável ler determinados textos publicados – os do costume, pelos senhores do costume, os “avençados do regime”. Sendo gestor de empresas há mais de 30 anos é lamentável verificar que parte do nosso tecido empresarial continua a pensar como sempre. Isto é, que a Competitividade se faz através de baixos salários e pouco mais interessa.

Em primeiro lugar, quem compete são as empresas e só pelo resultado da soma das suas actividades o país é chamado à colação. Deviam saber isto, mas aparentemente ignoram. Defeito da sua Formação? Defeito das Universidades? Ou será apenas ignorância pura e dura?

Um dia disse a um Insigne Professor de Economia, infelizmente já desaparecido: “sabe, Professor, o nosso problema é que dos ditos empresários 95% são na verdade apenas negociantes e apenas 5% tem verdadeiramente direito a esse nome, pois são os que sabem que é o Factor Humano que faz a diferença entre empresas, para já não falar de saberem o que é uma estratégia, o que são mercados, etc., coisa que os restantes 95% não fazem a mais leve ideia.

Com grande surpresa ouvi a sua resposta: “sabes, se tivéssemos 5% de empresários dignos desse nome, seriamos um país rico. O problema é que temos apenas cerca de 30 a 40 empresários, o resto são negociantes…”

Já o Relatório Melander (da OCDE) de 1958 punha o dedo na ferida sobre esta matéria. O grave é que passados cerca de 60 anos esta realidade mantém-se. Falam-me esses senhores, poucos felizmente, mas com grande cobertura mediática, (os ditos Economistas avençados pelo Regime) que esta matéria (a competitividade através dos salários baixos) faz parte dos consensos da UE, BCE e FMI. E Pergunto eu a esses senhores: quais consensos? Meus caros, sejamos sérios. Quais consensos?

Desindustrializar a Europa? Transformar Portugal num País de Serviços? Excelente enunciado que produziu os resultados que se vêem! Isto é, desemprego estrutural e não conjuntural e empobrecimento do País.

Concorrer em salários com espaços económicos cujos factores de produção são próximos da escravatura? (China e outros parecidos) Excelente, mais uma vez, com os resultados que se vêem!

Consenso sobre a Europa dos Serviços? Aqui apetece-me ser mal educado! Mas não vou por aí. Direi apenas que, em função dos resultados de tão “inteligentes” enunciados a Europa e Portugal estão a precisar de Novas pessoas (seja qual for a sua idade) com Bom Senso, Visão Estratégica e Espírito de Missão. Coisa que há muito desapareceu.

E pergunto ainda: Já agora, os Senhores que tanto criticam o Tribunal Constitucional Português e que tanto glorificam as instâncias internacionais, será que podem fazer um esforço para serem mais sérios e relatarem aos portugueses qual foi a Decisão do Tribunal Constitucional da Alemanha sobre as Reformas e Pensões?

É que, no seu Acórdão de 2011 este Tribunal considerou as Reformas/Pensões “um direito de propriedade dos cidadãos”! E consequentemente, inalienável.

Nem a Sra. Merkel nem o Sr. Schoebel (Ministro das Finanças alemão) se atreveram sequer a comentar este Acórdão. Limitaram-se a respeitá-lo. É que se o tivessem feito (criticar) sabem bem que seriam alvo de um eventual quadro político que os poderia levar a uma situação de penalização política. É que os cidadãos alemães estão pouco disponíveis para situações de desrespeito. Por cá, pelo nosso Portugal, é o que se tem visto, e nada acontece. Enfim…

Assim, publicamente dou um conselho (isso mesmo, um conselho) a esses senhores “Economistas” do regime, que não se devem confundir com aqueles Economistas sérios que trabalham no duro nas empresas. E o meu Conselho é: estudem bem, pensem bem, reflictam bem, antes de dizerem certas coisas. Fica-lhes mal e, mais grave, deslustram a classe dos Economistas.

E, por último, se não sabem como se produz a Competitividade, dou-lhes aqui apenas umas pistas.

A Competitividade faz-se:

  1. Pela selecção, formação continua e motivação permanente do pessoal;
  2. Pela diferenciação de produtos/serviços produzidos;
  3. Pela diversificação de mercados;
  4. Pela adopção de uma política de “Quality Insurance” (desde a concepção à entrega, dentro dos prazos, ao cliente e ao consumidor).

A Competitividade Saudável, (aquela que proporciona lucros permanentes) não se faz por pagar baixos salários, por baixar salários desmotivando com isso as pessoas e reduzindo a sua produtividade e logo, em consequência, baixando a competitividade das empresas.

Faz-se pelas práticas por mim acima enunciadas e por outras que vos poderei ensinar. Mas isso deviam os Senhores Políticos do Governo e os Senhores Economistas do regime, saber! Mas pelos vistos, não sabem, o que é muito triste.

Sendo eu de Direita é para mim insuportável ouvi-los a afirmarem que também o são. Não, meus caros, o que os senhores são é ideólogos do vosso bolso, apenas e só! Por favor não insultem a Direita que está farta de vós e das vossas frases feitas e dos vossos dislates.

Estudem um pouco mais, leiam menos livros “da moda” e pensem mais nos destinatários das vossa actividade: os Vossos Concidadãos Portugueses.