HENRIQUE NETO

A actualidade política portuguesa divide-se entre os que defendem a todo o custo aquilo a que se convencionou chamar “a geringonça” – termo que procuro não usar – e os que atacam a actual coligação parlamentar da esquerda e naturalmente o Governo do Partido Socialista, porque dizem não acreditar nas políticas seguidas e apontam o desastre iminente. Todavia, o facto de o fazerem por razões ideológicas ou por interesse partidário, faz com que haja emoção a mais e coerência e rigor a menos, retirando validade ao debate.

Acresce que, infelizmente, a generalidade dos analistas políticos e dos meios de comunicação que os promovem são protagonistas do mesmo vício, sendo relativamente fácil ver por detrás das suas palavras convicções pré-estabelecidas, seja por razões ideológicas seja por factores resultantes da escola académica em que aprenderam ou militam. Aliás, as citações frequentes dos escritos académicos revelam maior seguidismo relativamente aos mestres do que análise objectiva da realidade envolvente.

Por força destes vícios, o debate não faz grande diferença entre os grandes e os pequenos problemas nacionais, sendo frequentemente dominado por questões mais ou menos irrelevantes do dia a dia, escolhidas de acordo com os interesses ou sensibilidades de cada um.

  • Leia este artigo na íntegra na edição impressa desta semana.