Pensamentos

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[avatar user=”venturini14″ size=”thumbnail” align=”left” /]Hoje dei comigo a pensar que, de algum modo, o mundo (ou, melhor, as galáxias dos mundos individuais) é uma imensa teia de milhares e milhares de filamentos.

Por estranho que me pareça nestes tempos de des-esperança, são quase todos de luz e a aranha, a bela, a magnífica, a maternal Nit tece-os em todas as declinações do amor.

Para ela, obviamente, não há qualquer diferença. Somos nós, com a nossa necessidade de reconhecer e reflectir um padrão, que criamos nominativos e vocativos, acusativos e genitivos, dativos e ablativos, fora que andamos da Unidade do Logos primordial, o tal de que em certos sítios se diz “no princípio era o Verbo”, aquele que é o locus de toda a criação (não, nem criacionismo nem darwinismo, não agora, por favor), aquele ponto imaterial de puro breu onde toda a luz é gerada, onde há o parto cósmico do 2 e se inicia epicamente a aventura da consciência e do conhecimento.

Com outro glossário, poderia até chamar-lhe de Pátria Pentecostal, o primeiro reduto de Brahma – o “X” no mapa onde reside eternamente o Tesouro Supremo que quer, porque quer, conhecer-se. E nessa luz que cria para conhecer-se, nesse 2, já está contida a dinâmica entre eles, potência de tudo o que pode vir a ser porque, simplesmente, naquele breu maternal, já existe desde sempre e para todo o sempre.

E depois surge esta perplexidade da nossa própria finitude que tem dificuldade em entender o que não gerou nem foi gerado e que, no entanto, sofre voluntariamente a demando do exilado, pois um micronésimo do éon da consciência universal, da centelha, ainda late na experiência da vida do ser, que não sabe e, no entanto, sabe; que se afastou do Verbo e que, no entanto, dele provém em espírito, consciência e conhecimento.

E a consciência que nos leva na viagem entre a constatação da perplexidade e a constatação do saber já encontrou o seu destino, apesar das estações, da repetição das estações, da rotina das estações, qual obra concluída ao negro que sabe em si o rubro, o branco e o ouro.

E tudo isto só vai acontecendo – sim, os maravilhosos gerúndios – enquanto atentarmos nos filamentos e, com Nit, escolhermos tecê-los, entrançá-los, burilá-los, bebendo da luz para precipitarmos amor – declinado humanamente até que a sabedoria dos Hierofantes toque a fímbria dos nossos cabelos e aí passemos a ser, deixando de ser, perdendo-nos e encontrando-nos para sempre em Nit, talvez no Verbo, certamente num qualquer ponto do éon, no que não tem padrão nem nome, no que não gerou nem foi gerado.

…Bom dia!