Os erros da política para o ambiente do Partido Socialista, desde José Sócrates a António Costa, são muitos e graves, são facilmente visíveis e têm contribuído para a estagnação económica em que estamos há mais de vinte anos. Mas mais: fazendo nós parte da União Europeia, o fundamentalismo dos governos do PS conduziu Portugal a divergir das políticas ambientais mais inteligentes e sensatas da generalidade dos países da União Europeia, apenas porque o ministro Matos Fernandes pretende estar à frente de todos os países na chamada descarbonização, quando temos uma melhor posição de apenas 0,14% da poluição de todo o planeta e na sua bacoquice política os portugueses que paguem a conta. Vejamos algumas das divergências relativamente à Europa.
1.
Enquanto quase todos os países elegeram o gás como o combustível preferido para realizar a transição energética, com a Alemanha à cabeça, em Portugal insiste-se em investir apenas nas energias de origem eólica e solar, sabendo da sua intermitência e quando já temos o dobro da capacidade instalada em relação ao consumo. Escolha que funciona quando há vento e é de dia, mas que quando não há vento, é de noite e se vive um ano de seca, a alternativa é importar mais electricidade de Espanha. Enquanto estiver disponível está bem de ver, o que não é certo no futuro, já que isso foge ao nosso controlo.
2.
Enquanto a Alemanha acaba de inaugurar uma nova central a carvão, a Polónia anuncia que só para os anos quarenta deste século começará a pensar na redução das centrais a carvão agora dominantes e a Espanha acaba de colocar em funcionamento as suas centrais a carvão, incluindo a central portuguesa da EDP em Cádis, o Governo PS regozija-se com o fecho de Sines e do Pego, deixando Portugal mais dependente da importação que acaba de chegar a 50% do consumo em determinadas horas, quando não há vento nem sol.
3.
Enquanto isto acontece, a desorientação do ministro chegou ao limite de anunciar que poupamos no consumo de carvão importado, carvão que está a baixo custo nos mercados internacionais, para passar a importar a electricidade que acaba de atingir os mais altos preços de sempre. Como habitualmente, o ministro não explica as suas contas e limita-se a usar a ignorância económica dominante no ministério, sendo a alternativa a desinformação que o ministro e o seu secretário de Estado usam em abundância, agora com o apoio da ERC.
4.
Ao mesmo tempo, o Governo aprova novos investimentos em painéis solares em explorações de enorme dimensão e em terrenos agrícolas, aceita o corte de milhares de sobreiros e acorda que as localizações sejam as escolhidas pelos investidores com o objectivo de reduzir o investimento sem preocupações ambientais. Tudo isso para servir os interesses habituais e aumentar uma produção que o ministro sabe ser excessiva e cuja intermitência o ministro não controla. Tudo sem nenhuma preocupação com as populações que se sentem prejudicadas na sua qualidade de vida e na paisagem que são forçadas a aceitar.
• Leia este artigo na íntegra na edição em papel desta semana já nas bancas •