Ex-presidente da Relação investigado por abuso

0
1705

O juiz Orlando Nascimento, que no início de Março se demitiu da presidência do Tribunal da Relação de Lisboa, depois de ter sido noticiado o seu envolvimento em alegadas irregularidades na distribuição de processos, está a ser investigado por abuso de poder – revelou esta semana a imprensa.

Foi o juiz responsável pela condução do seu processo disciplinar, a correr desde então, que decidiu participar criminalmente do colega pela cedência do salão nobre da Relação de Lisboa ao juiz Luís Vaz das Neves, seu antecessor no cargo, para uma arbitragem extrajudicial. O espaço foi disponibilizado de forma gratuita e acto rendeu a Vaz das Neves 280 mil euros em honorários. Recorde-se que Vaz das Neves, Rui Rangel e Fátima Galante são acusados em conjunto no âmbito do Processo Lex.

Orlando Nascimento não é arguido no Lex, mas continuará a ser investigado pelo Ministério Público num novo processo. O mesmo vai acontecer com Rui Gonçalves, outro dos juízes investigados por suspeitas de viciação na distribuição de processos. Ao que o jornal ‘Observador’ apurou, a procuradora-geral adjunta Maria José Morgado tomou essa decisão para não atrasar a conclusão da Operação Lex. 

Segundo o ‘Observador’, a acusação contra Rangel, a sua ex-mulher Fátima Galante e outros arguidos está pronta desde Julho, mas o documento de 900 páginas teve entretanto de ser traduzido para espanhol, já que um dos acusados é um economista e advogado de Huelva que alegadamente fornecia documentos de estrangeiros a Rui Rangel, para que ele pudesse imputar-lhes as suas infracções ao volante. De acordo com a TVI, terá sido o que aconteceu com pelo menos três multas de excesso de velocidade entregues ao juiz desembargador, que terão sido imputadas a cidadãos de nacionalidade marroquina e equatoriana.

Vieira envolvido 

Entretanto, várias escutas efectuadas no âmbito da Operação Lex comprometem Luís Filipe Vieira, o actual presidente do Sport Lisboa e Benfica que agora se apresenta de novo como candidato ao cargo com uma ‘comissão de honra’ de que fazem parte, entre muitas outras figuras públicas, o chefe socialista António Costa e o seu ‘delfim’ na capital, Fernando Medina. O líder benfiquista tem desmentido os crimes que lhe são imputados no âmbito da Operação Lex, mas as escutas telefónicas parecem desmenti-lo. Numa dessas escutas, Vieira afirmava: “Vou apertar com o Rangel para ver se ele resolve aquela merda”.

Terão sido várias as conversas, ouvidas pela Polícia Judiciária através de escutas colocadas nos telemóveis do então juiz desembargador Rui Rangel e de Jorge Barroso, advogado que em 2012 integrou a sua lista à presidência do Benfica e que será também próximo de Luís Filipe Vieira, a colocar o presidente do Benfica na mira da Operação Lex. ■