[avatar user=”serrao14″ size=”thumbnail” align=”left” /] Celebram-se (hoje dia 9 de Novembro de 2014) os 25 anos da queda do muro de Berlim. Com ele caía, como um castelo de cartas, o bloco soviético, arrastando consigo as transformações políticas e sociais nos países de matriz comunista.
Decorrido um quarto de século, alguns desses países do Leste integram hoje a Comunidade Europeia, a Nato e outras instituições ocidentais.
A Alemanha reunificada assume hoje o papel de líder quase hegemónico da Europa, conseguindo pela economia e pela política o que não conseguira pelas duas grandes guerras que promoveu.
O pacto de Varsóvia cedeu e a Nato, pelo menos na aparência, alargou o seu poder e a sua esfera de acção integrando alguns dos inimigos de outrora.
A Rússia, adormecida durante os primeiros tempos, mostra hoje sinais de se querer assumir como a grande potência de outrora e parece ceder à tentação de restaurar os tempos gloriosos anunciadores do Amanhã que nasce.
25 anos que serviram, também, para que questionemos hoje, com a mesma acutilância e a mesma gravidade, as ideologias socialista e capitalista. Com efeito, se ao socialismo comunista, assente na igualdade de todos, ainda que com o sacrifício da liberdade individual, nas suas diferentes expressões, todos fizemos o enterro (todos? Bem, nem todos porque, qual aldeia gaulesa, permanece resistente à mudança e aos sinais dos tempos, o PCP e outros afins, como é bem claro no editorial do último Avante, que se recomenda…) surge agora agonizante o modelo capitalista.
Priorizando a liberdade como sua matriz essencial, o capitalismo tudo permitiu, não cuidando que é o Homem e não o dinheiro a razão de ser quer da economia, quer da finança, quer da política. Os escândalos financeiros na banca e nas instituições financeiras e o primado da especulação sobre a produção da riqueza, fizeram ruir a confiança e revelaram um modelo moribundo e incapaz de dar resposta às necessidades e exigências das pessoas e dos povos.
25 anos depois, tudo está posto em causa. O Homem de hoje já não se divide entre os dois blocos de ontem, muito menos entre as duas ideologias que se digladiaram no século passado. O Homem de hoje, já no pós crise financeira (ou ainda no seu rescaldo), exige participar activamente na vida social e no “governo da cidade” – muito para lá do voto -, exige transparência e rigor na gestão dos recursos colectivos, exige uma adequada repartição da riqueza e dos contributos de cada um para a causa pública, é mais solidário e recusa-se a alimentar ilusionismos ou os vendedores de facilidades.
O Homem de hoje quer assumir a cidadania, não como uma expressão meramente formal da democracia, mas como um imperativo de consciência que o impele a agir.
Na mesma senda, transposta para as Nações, assistimos a sinais bem interessantes das vontades de independência de Nações integradas em Estados fortes e até seculares. Falo da Escócia, onde decorreu recentemente um referendo sobre o seu futuro dentro ou fora do reino Unido, e falo da Catalunha dentro de Espanha, onde este fim-de-semana decorreu um referendo simbólico sobre a mesma causa.
Pessoas, Povos e Nações aspiram hoje a novos patamares de liberdade, que não encontram eco nos modelos do passado e até do presente.
Vivemos tempos de mudança e cabe-nos a nós, só a nós, encontrar os caminhos do futuro. Seremos capazes?