Das 5 às 7

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diaboPAULO FERRERO

Das 5 às 7

Título original: 5 to 7

Realização: Victor Levin

Com: Anton Yelchin, Bérénice Marlohe, Olivia Thirlby

EUA, 2014, 95 min.

Estreia: 16 Julho de 2015.

 

Uma agradabilíssima surpresa: é o que se pode dizer dos primeiros 60 dos 95 minutos de “Das 5 às 7”, a comédia romântica de estreia de Victor Levin no cinema, ele que até agora era mais conhecido como argumentista e produtor televisivo, tendo as séries “Doido por Ti”, dos anos 90, e “Mad Men” como destaques do seu currículo.

E se o mesmo não se pode dizer do resto do filme é porque a partir do momento em que termina o ‘affaire’ à hora do chá, tudo o que foi feito até aí, e foi quase tudo bem feito, começa a tremer por força do chorrilho de situações pirosas e politicamente correctas (ai aquele anelito na mão dela ao fim…) que se sucede. Valem-lhe os diálogos de excepção (ui, aqueles duelos extraordinários entre Glenn Close e Frank Langella!) que continuam inabaláveis até ao fim, mesmo que sua força e a sua frescura merecessem outro remate.

Além, bem entendido, doutro par de actores, que fizesse faísca e que o espectador pudesse compreender como passível de uma centelha “Das 5 às 7”. Porque, convenhamos, nem Anton Yelchin (esforçado mas a precisar de sopro) nem Bérénice Marlohe (ex-‘Bond Girl’) conseguem disfarçar uma incompatibilidade de facto, a que nem o maior dos acasos conseguiria obviar, quanto mais o que a fita nos mostra.

Seja como for é nos diálogos (e nos monólogos de Brian) que reside o interesse de “Das 5 às 7”, e prova disso é que serão muitos os espectadores que os ouvindo viajarão em espírito até aos inolvidáveis filmes de Lubitsch ou Capra, só para falar de dois dos deuses da palavra filmada, tal a riqueza, o humor e a profundidade dos mesmos. Isso e a belíssima música de Danny Bensi.

Uma nota final para a disparidade de ‘clichés’ que Levin pretender transmitir: enquanto os americanos só sabem ver filmes a comer pipocas, intervalando-as com banalidades, já os casais franceses cultivam e fazem questão no romance extraconjugal, ainda que sob postura existencialista. Pois.