Novas drogas, mais ameaças aos nossos jovens

0
166

Novas drogas, mais ameaças aos nossos jovens

 

O consumo e o tráfico de drogas entre os nossos jovens, nomeadamente junto às
escolas ou até em ambiente escolar, é muito preocupante e tem aumentado. A
Polícia de Segurança Pública tem dados estatísticos sobre este problema e refere
o haxixe, como a droga mais vezes apreendida junto das escolas, seguida da
cocaína e esporadicamente são apreendidas outras tipologias de estupefacientes,
como, por exemplo, o ecstasy, anfetaminas, LSD e heroína.
As forças de segurança têm sido cada vez mais convocadas aos estabelecimentos
escolares para registo de ocorrências. Regista-se um aumento no número de
detenções e de apreensões, sendo de salientar que os consumos abrangem uma
faixa etária cada vez menor, entre os 12 e os 13 anos.
O consumo de droga, qualquer que ele seja, tem sempre efeitos nefastos, mais
ainda em ambiente de escola, uma vez que, segundo vários estudos, se
demonstra uma relação entre os consumos e o aumento do absentismo, por vezes
o abandono, mas sobretudo na queda no aproveitamento escolar, apresentando
os estudantes adolescentes notas mais baixas e, consequentemente, maiores
índices de retenção, ou seja, em vez de progredirem para os anos lectivos
seguintes, estagnam e não avançam.
Sendo a instituição familiar o pilar central da formação do ser humano, a
aprendizagem em ambiente escolar é também fundamental para o
desenvolvimento de uma sociedade. Capacita os nossos rapazes e raparigas dos
mais diversos conhecimentos, valores e competências para que estes enfrentem
os desafios com que a vida os confronta. As instituições de ensino devem, por
isso, garantir um ambiente saudável a todos os níveis, preservando aqueles que
são a maior riqueza do país.
A Educação promove a igualdade de oportunidades, permite reduzir as
assimetrias socioeconómicas, dota os cidadãos de um conhecimento informado e
crítico. Estimula a inovação, promove o desenvolvimento sustentável do nosso
país. Enquanto lisboeta e residindo em Lisboa, acompanho com interesse

redobrado o que se passa na minha cidade. Lisboa concentra um elevado número
de escolas públicas e privadas e uma quantidade muito considerável de alunos a
frequentar os diferentes estabelecimentos de ensino.
Por ser a capital, Lisboa deve ser um exemplo de desenvolvimento e segurança
no nosso país, colocando as escolas no pelotão da frente, nomeadamente, no
controlo do tráfico e consumo de drogas no interior e no exterior dos
estabelecimentos de ensino.
A nossa cidade e os nossos alunos, por ser a capital, estão mais expostos.
Parece-me evidente que o cosmopolitismo da cidade, os milhões de turistas que
a cidade atrai anualmente, traz vários benefícios por um lado, mas por outro
acarreta perigos. Desde logo uma ampla e diversificada oferta de
estupefacientes. Devemos, por isso, promover junto das várias entidades,
nomeadamente o Ministério da Educação, Ministério da Administração Interna,
Confederação dos Pais (CONFAP), Conselho Nacional da Educação (CNE),
Direcções das Escolas e restantes agentes educativos, procurar criar acções de
sensibilização para a prevenção deste tipo de crime em contexto escolar. Devem-
se criar grupos de trabalho escolares para debater este tema com a comunidade
educativa e em situação de aula, com a colaboração do ICAD (Instituto para os
Comportamentos Aditivos e Dependências), Polícia de Segurança Pública –
Escola Segura, Direcções de Escola e Directores de Turma.
É fundamental acompanhar as famílias, particularmente em determinadas zonas
da cidade onde impera o tráfico e consumo de estupefacientes, para que se
mantenham mais atentas à vida escolar dos seus educandos, reunir
frequentemente com os Directores de Turma, para que se consigam reduzir as
ocorrências em meio escolar.
Paralelamente, entendo que se deve aumentar a frequência das operações de
fiscalização junto dos locais conotados ao consumo de droga, mormente em
locais de diversão frequentados pelos adolescentes, procurando reduzir a sua
disponibilidade.
Esta temática deve ser uma preocupação efectiva em Lisboa, mas não só. É que,
para além das drogas mais conhecidas e consumidas, há outras que se poderão
difundir no país, como o Fentanil, uma droga sintética com efeitos devastadores
e que uma consulta na “internet” irá elucidar os leitores sobre os efeitos
psíquicos e sociais que provoca.
Este potente opióide, que se estima ser 50 vezes mais forte que a heroína, é
utilizado para anestesia nas salas de operação, mas também é receitado como
analgésico. Tal como a heroína e outras substâncias semelhantes, é altamente
viciante e tendo em conta as suas características foi manipulado por quem se
dedica ao tráfico para se tornar acessível a toxicodependentes.
O Fentanil já se instalou em Portugal e a própria Direcção-Geral da Saúde
(DGS) anunciou que ia rever a norma que regula a utilização de opióides, que
data do ano de 2008.

É totalmente produzido a partir do laboratório, ao contrário de outras drogas
como a heroína, opiáceo obtido a partir das papoilas, sendo por isso mais difícil
de detectar.
Nas farmácias, o Fentanil é vendido sob a forma de comprimidos ou adesivos,
mas pode também ser injectado, em contexto hospitalar.
Para além do Fentanil, uma outra nova droga tem preocupado as autoridades
europeias. Os nitacenos. É igualmente muitíssimo perigosa e provoca a morte.
Conhecida como a “droga de Frankenstein”, os nitacenos são uma classe de
opióides sintéticos que se caracterizam por serem compostos por mais de 20
substâncias diferentes. A que mais prolifera e é procurada nas ruas é o
isotonitazeno, popularmente conhecido como “Iso” ou “Tony”.
Este estupefaciente tem efeitos semelhantes aos da morfina, oxicodona, heroína
e Fentanil, mas com uma potência ainda maior.
Estas ameaças, pela sua perigosidade e capacidade de gerar uma dependência
imediata, têm de merecer uma activa campanha de prevenção.
As autoridades camarárias, em conjunto com o Ministério da Educação, as
polícias, as associações de pais e os directores das escolas devem estar
coordenados para promover acções de formação e sensibilização relativamente
aos perigos inerentes ao consumo, mas também ao tráfico de drogas.
As Câmaras Municipais, nomeadamente a de Lisboa, têm vários meios de
divulgação informativa ao seu dispor, pelo que devem utilizar os mesmos, por
forma a alertar e divulgar estas novas ameaças à juventude.
É forçoso, ainda que o Governo reforce a frequência do policiamento nas
escolas da cidade, em particular através do Programa Escola Segura,
considerando as especificidades dos riscos detectados.
Finalmente, e para além destas acções de prevenção e sensibilização, temos de
ser capazes de motivar os nossos jovens para actividades saudáveis e produtivas.
Mostrar-lhes que vale a pena viver com esperança e que o país que os viu nascer
tem todas as condições para lhes proporcionar a felicidade. Saibam os agentes
políticos pugnar por estabelecer medidas transversais para a prática do Desporto,
criando mais infra-estruturas, e simultaneamente dotar a Educação de mais
ferramentas. É também necessário fortalecer o tecido empresarial com medidas
fiscais mais favoráveis e com isso incrementar o bom emprego para que os
nossos jovens sintam o prazer de viver e se afastem de qualquer dependência. ■