A crise síria e alguns dos seus intervenientes

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MIGUEL MATTOS CHAVES

Quis-se resumir a crise na Síria a uma guerra entre “bons” (os chamados rebeldes) e “maus” (o governo de Assad). Mas o conflito é muito mais complexo do que este esquema simplista poderia sugerir e envolve muitos mais interesses do que os dos próprios sírios. Afinal, os “bons” – denunciou já a Amnistia Internacional – têm-se dedicado a cometer as maiores atrocidades, crimes de guerra e outras violações da lei humanitária internacional. Os oposicionistas que falavam em “libertar” a Síria usam sistematicamente os mesmos métodos e torturas que atribuem ao Governo.

Muito se tem escrito e dito sobre a guerra neste país do Próximo Oriente. Os actores, deste conflito, nomeadamente da dita oposição, são diversos, e agrupam mais de 40 facções armadas compostas por entre 100 a 1.500 combatentes, cada uma.

Uma coisa é hoje muito clara: não há, nem nunca houve, nenhuma “frente única de oposição” ao regime vigente na Síria, como chegou a ser ventilado no Ocidente; e muito menos este conflito é civil, como veremos. É uma guerra de contornos religioso-políticos, com primazia para o primeiro factor.

Várias facções, com sírios ou estrangeiros nas suas fileiras, agruparam-se em duas coligações principais: a Jeish el Fatá – O Exército da Conquista – e a Fatá Haleb – Conquista de Aleppo. Em ambas impôs-se a ala salafista.

Não obstante terem sido anunciadas pela imprensa internacional, no início do conflito, como forças que travavam uma “guerra justa” contra Assad, em defesa da instalação de um regime democrático, a realidade é que não foi, e não é, de todo assim.

Várias delas querem impor a lei islâmica e algumas a versão mais radical da Sharia. Todas têm sido acusadas de cometerem crimes de guerra durante os quatro anos em que controlaram o lado ocidental da cidade de Aleppo e outras regiões do país; e a sua maioria quer impor, como já se disse, o regime da Sharia, que é tudo menos democrático.

Segundo fontes das Nações Unidas, o número tanto de civis como de combatentes em Aleppo foi objecto de controvérsia. Os cálculos iniciais da ONU quantificavam em 250.000 o número de civis e em 8.000 o de combatentes rebeldes, nesta cidade em particular.

  • Leia este artigo na íntegra na edição impressa desta semana.