A lista de investimentos calendarizados foi a forma encontrada por António Costa para tentar comprar a paz com o Bloco de Esquerda. Mas essa lista não traz qualquer novidade: trata-se de investimentos que já estavam há muito anunciados e previstos. Apenas acrescentaram mais umas ‘migalhas’ de 74 milhões de euros para reforçar o investimento, que naturalmente não mudam nada. O Governo nem sequer revelou onde serão investidos.
O Bloco de Esquerda vai mesmo apresentar, no dia 24 de Abril, uma proposta de resolução para salvar a face depois de dias intensos de contestação ao Programa de Estabilidade.
Os investimentos são apenas uma forma de o Governo assegurar aos seus parceiros da geringonça que a redução do défice para 0,7 % do PIB – e não os 1,1% previstos no OE – não vai ser feita à custa de cortes no investimento. Um dado que só no final de 2018 se poderá ver se foi cumprido, apesar de o histórico do país ser um rol de enormes atrasos nos investimentos. Aquando da discussão no Programa, também o CDS vai apresentar uma proposta de resolução (ler peça destacada, nestas páginas).
Mas António Costa sabe que a aprovação do Orçamento de 2019 vai decorrer em Novembro, e aí a conflitualidade pode regressar em força. Se o Programa de Estabilidade não é sequer votado na AR, sendo apenas apresentado – daí o expediente das propostas de resolução sobre o documento, que apenas possuem força política – o último Orçamento da legislatura cai muito perto do ciclo eleitoral e deve aquecer o ambiente político. E esta animosidade do BE e do PCP para com o Governo PS pode deixar marcas.
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