Portugal está outra vez na encruzilhada

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JOSÉ FIGUEIREDO

Até quando se aguentará Portugal sem um novo resgate? A agência canadiana DBRS já enviou sinais de alarme e poderá vir a baixar o ‘rating’ da República Portuguesa. Se esta agência o fizer, Portugal ficará sem o apoio do BCE na compra de dívida pública soberana. E estará assim aberta a última cancela para mais um programa de ajustamento. 

Portugal viveu mais uma vez a indignidade de um resgate financeiro em 2011, de forma a evitar uma bancarrota formal. Algo semelhante tinha acontecido antes, nas décadas de 70 e de 80.

Depois de quatro anos tenebrosos, em que os portugueses registaram perdas de direitos significativas (redução de salário dos funcionários públicos, redução das pensões e reformas, redução de feriados, etc.), mas também um aumento de impostos colossal (aumento das taxas de IRS, assim como do IVA de várias categorias de produto, criação de impostos especiais, etc.), parecia chegado o tempo de alguma recuperação, nomeadamente a nível da criação de emprego.

Por decisão livre da maioria dos portugueses, o caminho de recuperação delineado no período 2011-2015 foi substituído por uma nova solução, que se autodefiniu como o caminho das “vacas que voam”.

Portugal é e foi sempre um país de poetas: de Camões e de Alexandre O’Neill, mas também de Fernando Pessoa ou de Jorge de Sena. Em 2015, os portugueses preferiram apostar numa versão de governo poético, ao contrário de uma solução aparentemente mais dura, mas mais prudente.

Verifiquemos os primeiros resultados efectivos deste exercício, referente a pouco mais de meio ano sob a governação das “vacas a voarem”.

  • Leia este artigo na íntegra na edição impressa desta semana.