O DIABO entrevistou João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), sobre a situação empresarial do sector. Licenciado em Engenharia Electrotécnica, Vieira Lopes integrou a direcção da Associação dos Distribuidores de Produtos Alimentares antes de ser eleito para o órgão executivo máximo da CCP, em 2010. Com uma longa carreira empresarial na distribuição alimentar e na indústria de produtos de grande consumo, é administrador da Euromadi-Portugal e da central de compras Unimark.
- Em linhas gerais, quais são as atribuições da CCP?
A CCP representa cerca de 60 associações junto das instituições do Estado, lidando com problemas transversais ao sector. Pertencemos, por lei, à Comissão Permanente da Concertação Social com as restantes três confederações económicas e as duas instituições sindicais que legalmente têm de ser ouvidas. Temos de estar sempre presentes junto do poder político, porque acontecem situações como a do ano passado, em que houve um aumento do IMI e o Governo preparava-se, numa fase inicial, para isentar a indústria e a agricultura, mas não o comércio e os serviços.
- Recentemente, na 1ª Convenção Social dos Serviços, foi feita a análise das tendências da economia global e do papel dos serviços. Portugal está no bom caminho?
A CCP, naturalmente, considera que deve ser valorizado o sector dos serviços. Portugal teve um grande ímpeto na terceirização da economia. O modelo anterior, centrado na indústria, já não é viável. Portugal deve atrair o máximo possível de indústria, e é bom que a atraia, mas consideramos que a indústria que Portugal vai atrair será de capital intensivo, ou seja, baseado em robótica e automatização, e nunca criará muitos postos de trabalho.
- Devemos, então, mudar o nosso foco económico nacional?
O País deve posicionar-se como uma plataforma de serviços em termos mundiais, jogando até com a sua posição geográfica. Os portos portugueses podem ser um entreposto importante entre o Oriente e a Europa. E Portugal tem áreas que estão a registar um grande êxito, como os centros de serviços partilhados das multinacionais, que criam postos de trabalho para pessoas não-qualificadas.
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