Marco António Baptista Martins

Professor de Relações Internacionais da Universidade de Évora 

Eleições na Alemanha, na França e nos Estados Unidos: no espaço de um ano, na Europa e no Mundo, poder-se-á assistir à abertura de uma nova orientação que renove o paradigma internacional vigente. 

Em “Os Aforismos de Zürau” (1918-1919), Franz Kafka alude a que para se alcançar uma vitória não se deve prejudicar o próximo, nem sequer o mundo que nos rodeia. Ora, precisamente estando a pouco mais de um ano de eleições federais, agendadas para finais de Setembro de 2017, a Alemanha confrontar-se-á pela determinação na escolha entre dois caminhos: a continuidade da Chanceler Angela Dorothea Merkel ou a opção de transformar o rumo do país e da União Europeia.

De momento, a indeterminação permanece como a única certeza no tocante à posição de Angela Merkel, na sua qualidade de líder e governante dos destinos da Alemanha desde 2005, bem como do seu partido, União Democrata-Cristã (CDU), desde o início deste século XXI, no já longínquo ano de 2000. Ora, a conjuntura internacional tem assistido a profundas transformações, desde os atentados de 11 de Setembro nas Torres Gémeas, em Nova Iorque, cruzando o terror em nome do Daesh, cuja área de actuação é global, ao referendo em nome do Brexit que levou à saída do Reino Unido da União Europeia, outorgando uma nova margem para a extensão da esfera de influência de Vladimir Putin, apesar de economicamente a Rússia se encontrar mergulhada em graves problemas domésticos, quer financeiros quer sociais, além da baixa natalidade e do envelhecimento da sua população.

Acresce, todavia, internamente, a própria Alemanha ter sido objecto de ondas de descontentamento face às decisões políticas com repercussões no quadro europeu, quer em matéria económica quer no tocante à política de refugiados, na sequência dos atentados e da vaga de mortes que tem assolado o Mediterrâneo, a que acresce a fuga permanente e constante por incapacidade política e militar de resolução do conflito sírio.

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