No momento que o mundo vive, curioso é que a questão envolvendo a democracia liberal e capitalista e os diferentes socialismos que circulam pelo mundo, desde a social-democracia europeia, a esquerda do Partido Democrata americano aos bolivarianos da América Latina, dispensa uma discussão académica, um discurso de palavreado vazio, em favor da avaliação de factos, de números, de uma realidade que não pode ser contestada.
Os anos dourados do século passado devem-se à acção de três personagens marcantes, que foram João Paulo II, Ronald Reagan e Margaret Thatcher. Um derrubou o muro a partir de sua visita em 1979 à Polónia, outro abrindo a economia americana para anos de crescimento económico e social sem precedentes e outra quebrando a contestação do sindicalismo predatório e reaccionário. Foram as premissas para uma era de liberdade com ordem e progresso. No Brasil, o grande intérprete daquele momento foi o político e intelectual Roberto Campos. Na literatura, foi a ruptura consolidada com o comunismo dos grandes da época, como Yves Montand, Mario Vargas Llosa, Jorge Semprún, Costa Gravas e Fernando Arrabal. Este último, de hóspede de honra em Cuba, a grande acusador do regime, com sua obra “Carta a Fidel Castro”.
O Papa, hoje santo, denunciou sempre que pôde o comunismo, os regimes como os da Nicarágua e de Cuba, defendeu a liberdade e a propriedade, com habilidade e competência. Limpou a Igreja da “teoria da libertação”, do clero vermelho. Foi popular, querido na juventude que trouxe de volta à Igreja, sem ceder à tolerância com o erro. A sua ligação com Fátima comprova o seu compromisso com a “conversão da Rússia”.
Já a “Dama de Ferro” encantou o mundo com sua firmeza, visão do que é o progresso para atender a todos e não a alguns mais organizados, abrindo uma era de prosperidade ao Reino Unido. Matou a esquerda trabalhista com os resultados que apresentou em seu longo governo. Colocou os pontos nos “is”, como se diz, ao lembrar que “o problema do comunismo é que um dia o dinheiro dos outros acaba”. Muito didáctica, ela fez-se compreender pelos ingleses ao afirmar que “qualquer mulher que entenda como cuidar de uma casa está muito perto de entender como se cuida de um país”. Esta admirável mulher legou-nos lições da arte de bem governar. Tinha boa cabeça e habilidade política. Os conservadores de hoje pecam na comunicação e na articulação.
Ronald Reagan aparece em todas as pesquisas feitas nos EUA como o mais querido e eficiente governante do país no pós-guerra. O actor de Hollywood tinha bom senso, coragem, naturalidade e autoconfiança para ter feito o mundo, e não apenas o seu país, viver um grande momento. Tivesse tido herdeiros à altura e não teria havido espaço para o surgimento desta poderosa China contemporânea. Foi o fracasso dos democratas e a mediocridade dos republicanos que enfraqueceram os EUA.
Vale a pena lembrar alguns de seus conceitos que poderiam ser aproveitados e repetidos pelos novos conservadores, que são verdadeiras pérolas:
“Não devemos julgar os programas sociais por quantas pessoas estão neles, e sim por quantas estão a sair”.
“O melhor programa social é o emprego”.
“O comunista é alguém que lê Marx e Lenine, o anticomunista é o que entende”.
“O contribuinte é uma pessoa que trabalha para o governo sem prestar concurso”.
“Quando uma empresa gasta mais do que arrecada vai à falência e quando o governo faz o mesmo aumenta os impostos”.
Não parece ser possível contestar. E vale a pena lembrar de que os povos sob gestão comunista ou socialista fogem ou emigram quando podem. ■