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António Costa, ao orçamentar na Câmara de Lisboa as já célebres “taxas e taxinhas” sobre as entradas de turistas na capital, veio desvelar a grande alternativa à austeridade tão propalada pelo PS.
Com efeito, mais do que as dúvidas constitucionais da medida – que saudades vamos ter dos inflamados discursos a favor da Constituição por parte da oposição socialista – e muito para lá das justificações económicas sobre a sua relevância e impacto na cidade – à revelia da associação representativa do sector, que à medida se opõe – o que fica é o registo de uma medida que mais não é do que a criação de um novo imposto sobre todos os que visitam Lisboa.
Costa e o PS sempre se esforçaram por nos dizer que têm uma alternativa à política de austeridade assente no aumento cego da carga fiscal sobre as pessoas, as famílias e as empresas. Sempre (ninguém da actual nomenclatura dirigente se manifestou contra) nos garantiram que, sendo governo, a austeridade terminaria, a economia cresceria e o emprego seria estimulado…
Acontece que, na última semana, não só Costa nos veio dizer que a sua criatividade radica no aumento de impostos, ainda que embrulhado na serôdia explicação que serão os estrangeiros que nos vistam que pagarão 1 euro de imposto, como o PS rompe o acordo feito no passado sobre o IRC e vem dizer que é contra a descida da taxa sobre o rendimento das pessoas colectivas… pasme-se, por razões de calendário eleitoral!
Não serve o argumento de que a maioria que critica a medida prevista para Lisboa seja a mesma que nos tem presenteado com a maior carga fiscal de que há memória, pois, em contraponto, se dirá que quem tanto critica a carga fiscal vigente perde autoridade ao criar um imposto na primeira medida que implementa para aumentar as receitas da cidade… Bem prega Frei Tomás, faz o que eu digo mas não o que eu faço!
O mesmo se diga quanto ao IRC. Como pode o PS estar contra a baixa da taxa de imposto e depois manter o seu discurso contra a austeridade e a carga fiscal?
Em igual senda, veio Costa, também esta semana, afastar-se do compromisso de Seguro de reposição total dos cortes feitos aos salários dos funcionários públicos e até da sua mandatária nacional, Catarina Mendes, ao anunciar que os cortes serão repostos “logo que possível”.
Costa assumiu a postura de “fazer-se morto”, não fazer ondas e deixar que o desgaste do Governo e da maioria lhe permita nada dizer, nada propor, nada contrapor, a não ser que Eu farei diferente, Eu farei melhor, Eu…Eu…Eu…, como se de um iluminado se tratasse.
Talvez, num primeiro momento, a estratégia tenha resultado e daí se justifique o apelo permanente e ansioso de eleições antecipadas que permitissem a Costa chegar ao poder sem se comprometer.
Estou em crer que é uma estratégia perigosa e até suicida para os interesses e anseios de Costa e do PS em conquistarem o poder. O povo eleitor está cansado dos que apenas criticam, dos que querem o poder pelo poder sem nada oferecerem, nem nada trazerem de novo, a não ser o “chavão” de que comigo será diferente e de que tudo se resolverá com o endurecimento das nossas posições no contexto europeu e internacional.
É indubitavelmente a hora de Costa. E ele tem que a assumir e dizer ao que vem. O que tem efectivamente para oferecer, que medidas alternativas apresenta e quais os objectivos que preconiza.
Tem de dar a cara… tem que fazer-se de vivo!