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VASCO CALLIXTO

O jornalista Leonídio Paulo Ferreira publicou recentemente no DN um artigo sobre uma estátua de Cecil Rhodes existente em Oxford, a propósito de uns tantos condenarem tal estátua, alegando que o homenageado “foi um imperialista sem escrúpulos na hora de explorar os africanos nas minas”. Estas mentalidades anti-estátuas já têm sido notícia, relativamente a monumentos que homenageiam personalidades que ficaram na História.  

Uma das “vítimas” de tais mentalidades dos nossos dias, foi D. Catarina de Bragança, a filha de D. João IV que se tornou Rainha de Inglaterra por casamento com o monarca inglês Carlos II. Princesa infeliz matrimonialmente, quatro séculos depois viu-se igualmente perseguida pela infelicidade.

Quando da minha última viagem pela Costa Leste dos Estados Unidos, em 1993, visitei em Nova York um jovem compatriota, Manuel Andrade e Sousa, que se dedicara de alma e coração à nobre causa de fazer erguer na grande  cidade uma estátua da Rainha Catarina, pois fora em homenagem a esta soberana que se chamara Queens a uma vasta área citadina.

No apartamento da Rua 34, onde Manuel Andrade e Sousa residia, pude apreciar uma numerosa e valiosa colecção de gravuras, esboços, artefactos e outras lembranças de D. Catarina de Bragança. E das alturas de um 36º andar foi-me dado contemplar, não só uma impressionante panorâmica, como o local já então destinado à colocação da estátua em causa, na margem esquerda de East River, em frente do edifício das Nações Unidas. Seria, sem dúvida, um local excelente.

O primeiro passo para a concretização deste empreendimento verificou-se em 1988, quando foi possível levar Nova York a celebrar o 350º aniversário do nascimento da Rainha de Inglaterra que contribuíra para dar nome à área de Queens. Uma vez fundada a Associação Amigos da Rainha Catarina, sucederam-se as grandes galas aniversariantes no Hotel Plaza, com a presença de destacadas personalidades novaiorquinas e portuguesas. E em 1991 foram tornados públicos os modelos de estátua apresentados, vindo a ser vencedor o modelo da escultora norte-americana Audrey Flack.  A figura da Rainha Catarina, em bronze, assentaria num sumptuoso pedestal, à beira-rio. Entretanto, prosseguiram as galas anuais, destinadas a reunir fundos para possibilitar a construção do monumento que levaria a Nova York uma  figura histórica comum a três países atlânticos, Portugal, Inglaterra e Estados Unidos da América

Mas o incrível aconteceu. Já quando a estátua ia ser fundida, um certo número de residentes em Queens, de mentalidade idêntica aos que agora condenam a homenagem a Cecil Rhodes em Oxford, levantaram a questão da escravatura da época, alegando que dela beneficiara a Rainha Catarina. E por isso opunham-se à construção do monumento. Tão forte foi esta inesperada oposição, que todo o projecto caiu por terra e o empreendimento soçobrou, seguindo-se-lhe o ocultismo e o esquecimento. Algo ironicamente, veio então para Lisboa uma mini-estátua da Rainha Catarina, que Lisboa colocou num dos confins da cidade, junto à Ponte Vasco da Gama.

Como refere o citado articulista do DN, “é injusto avaliar alguém do passado à luz dos valores actuais”. E Leonídio Paulo Ferreira lembra que, entre tantos, George Washington teve escravos toda a vida. Não será, portanto, de estranhar se, mais dia menos dia, algumas mentalidades doentias pretenderem que a capital norte-americana mude de nome.

[td_text_with_title custom_title=”Premiado com Vera Lagoa em 1986″]

Há quase trinta anos, em fins de 1986, a Varig reuniu um certo número de convidados no Clube dos Empresários, na Avenida da República, em Lisboa, para anunciar novos voos diurnos entre Portugal e o Brasil.  E fez sortear pelos presentes três duplas viagens transatlânticas, que contemplaram o empresário Carlos Barbosa (então administrador do Correio da Manhã e hoje presidente do ACP), a jornalista Vera Lagoa e o autor deste breve apontamento, para quem o inesperado prémio foi o ponto de partida para a organização de uma nova viagem  por estradas da América do Sul.

Da esquerda para a direita: Eduardo Névoa (director comercial da Varig),  José Caldeira Pires (relações públicas), Carlos Barbosa (empresário), Graciano Braço (director-geral da Varig),  Manuel Ferreira Enes (relações públicas), Vera Lagoa e Vasco Callixto.
Da esquerda para a direita: Eduardo Névoa (director comercial da Varig),  José Caldeira Pires (relações públicas), Carlos Barbosa (empresário), Graciano Braço (director-geral da Varig),  Manuel Ferreira Enes (relações públicas), Vera Lagoa e Vasco Callixto.

Já conhecia, porém, Vera Lagoa há cerca de vinte anos, embora os contactos nunca se tenham aprofundado. Colaborador do ‘Diário Popular’ desde final dos anos cinquenta e ao longo da década e meia seguinte, tenho presentes as primeiras crónicas de Vera Lagoa neste jornal, quando Francisco Pinto Balsemão, tio e sobrinho, eram os administradores. E curiosamente, nessa mesma época,  colaborava também no pouco duradouro ‘Diário Ilustrado’, onde José Tengarrinha, chefe da redacção, recebia os meus artigos. Bem mais tarde, recordo a presença de José Esteves Pinto na apresentação de dois ou três livros meus

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