JOSÉ FIGUEIREDO
Economista
Muito se debate em Portugal sobre corrupção. Todos os dias, os jornais e telejornais enchem-se de palavras como “Operação Furacão”, “Operação Monte Branco”, “Operação Marquês”, e tantas outras. Contudo, importa perceber se a percepção de que Portugal é um país corrupto existe ou não.
Conforme a tabela inserta nesta página, verificamos que a posição de Portugal no ranking internacional da percepção da corrupção não é tão má como poderíamos pensar, sobretudo quando ouvimos falar na chamada corrupção de “colarinho branco”, quase diariamente.
Por exemplo, Portugal é percepcionado como menos corrupto do que Espanha. Naturalmente, a praga da corrupção não é apenas portuguesa. Sabemos, por exemplo, que membros do Partido Popular, de Espanha, estiveram envolvidos em casos de corrupção. A própria família real espanhola está envolta em escândalos de utilização indevida de dinheiros públicos, assim como de fugas ao fisco.
Contudo, ao olharmos para a tabela, verificamos que os países menos corruptos do mundo são os mais desenvolvidos e são também os mais ricos. Não quer isto dizer que não exista corrupção também nestes países. A corrupção é uma epidemia que exige uma atitude de combate permanente e contínuo, por parte das sociedades.
A luta contra a corrupção não começa nos tribunais, nem acaba nas cadeias. A sociedade tem que perceber que o crime de corrupção não compensa. As pessoas têm que ter uma noção de justiça e de equidade, para assim evitarem ter tentações.
No entanto, é importante que o acesso à Justiça seja um direito de todos, e não apenas de quem tem meios financeiros para se apoiar em bons escritórios de advogados e preparar os recursos que forem necessários, até ao Tribunal de grau mais elevado. Nem que seja para a utilização maquiavélica do prazo da prescrição.
A auto-estima dos portugueses anda muito por baixo, há tempo demais. Mas, ao olharmos para a tabela, verificamos que Portugal é o país lusófono com menor percepção de corrupção. Só por isso, deveremos ficar mais fortes e confiantes, e simultaneamente apoiar ainda mais as iniciativas do Ministério Público e da Polícia Judiciária, para que se limite ainda mais a praga crescente da corrupção.