Os radicais marxistas rejubilaram esta semana: Portugal ficou em 10º lugar como país “mais miserável” do mundo, segundo uma análise da empresa Bloomberg. A ironia de estarem a celebrar com dados de uma das empresas financeiras centrais ao capitalismo mundial que tanto odeiam passou-lhes ao lado.

Este é mais um episódio em que se revela o “social-derrotismo”, a ideologia do “quanto pior melhor” da esquerda radical portuguesa.

Antes de mais, é necessário fazer a devida ressalva: a situação portuguesa não é boa. O PIB ainda não alcançou os níveis de 2011, a pobreza e a desigualdade dispararam e a carga fiscal constitui um massacre nos parcos rendimentos dos portugueses. A economia está a crescer, sim, mas lentamente, na ordem de um por cento ao ano.

O desemprego está a baixar, mas ainda é uma situação que aflige duramente o País. Vão ser precisos muitos anos para Portugal recuperar.

Mas o pensamento temporal dos radicais é, no mínimo, curioso: será que acreditam mesmo que as soluções para os problemas apenas levam alguns dias a produzir efeito? Os governos socialistas de António Guterres e José Sócrates deixaram à nação uma dívida pública muito acima dos 100% do PIB pela altura em que teve início o consulado de Pedro Passos Coelho.

A economia estava feita em bocados, vítima de anos da má política macroeconómica socialista e de impostos sobre empresas elevadíssimos (que, infelizmente, se mantêm). A decisão de Sócrates de investir fortemente em energias eólicas encareceu proibitivamente as contas da electricidade para a indústria, o comércio, a agricultura e para as famílias.

As cartas que o actual primeiro-ministro tinha na mão eram todas más. Passos Coelho não esteve acima do erro durante os seus quatro anos de governo: as constantes “birras” com o Tribunal Constitucional não favoreceram em nada o País, por muito injusta que a Constituição marxista de 1976 possa ser.

O orçamento de 2013, no qual houve, nas palavras do então ministro das Finanças, “um enorme aumento de impostos” foi um erro que pode ter custado um ano de retoma económica ao país. Figuras insuspeitas de “irresponsabilidade”, como Bagão Félix, já o afirmaram, e o certo é que Vítor Gaspar teve de entregar a sua demissão quando a economia entrou novamente em recessão.

E, no entanto, foi a única figura nacional que apresentou soluções, enquanto que PS, PCP, BE e o “PCP edição melancia” (verde por fora, vermelho por dentro) fizeram o seu caminho usando o povo como arma de arremesso.

Carne para canhão

Durante os últimos quatro anos, o povo tem sido, repetidamente, usado como arma de arremesso da esquerda contra o Executivo. As greves constantes, convocadas pelos organismos sindicais do PCP, sem objectivo laboral e visando apenas o ataque ao governo, prejudicam os trabalhadores: tanto aqueles que querem chegar ao trabalho, no caso das greves nos transportes, como aqueles que perdem um dia de ordenado para nada.

Já o Bloco de Esquerda quer instalar um regime vanguardista como o que foi implantado na Grécia com o Syriza. Aliás, a uma certa altura, Catarina Martins quase que merecia receber o título de embaixatriz da Grécia em Portugal. Tal foi a defesa dos interesses do povo grego que Passos Coelho, a uma certa altura, teve de a relembrar que o primeiro-ministro de Portugal defende o interesse… dos portugueses.

Passou ao lado do hexagonato (visto existirem seis líderes) a evidência de que, caso a Grécia não pagasse o calote, Portugal sairia prejudicado. Talvez não lhes interesse, visto que era Trotsky que achava que a revolução seria internacional e que as nações seriam abolidas. Mas neste caso quem iria pagar, e bem caro, a “revolução socialista do calote” do Syriza seria o contribuinte português.

E quais são as alternativas destes radicais dourados? O costume: nacionalização de tudo e mais alguma coisa, chavões como “não precisamos de banqueiros”, e o calote português. Ora vejamos os resultados destas ideias peregrinas.

Quando eles eram poder

Dizem os inocentes que o BE e o PCP nunca foram poder: errado. Os seus “antepassados” geriram os rumos desta nossa nação durante os dois anos do PREC, colocando em prática tudo o que os radicais acham que é “bom” para Portugal. O resultado foi o caos económico e social, perfeitamente evitável em algo que poderia ter sido apenas um golpe de carácter político.

A nacionalização das empresas arruinou negócios lucrativos que garantiam 10% de crescimento anual ao País. Subitamente, gestores viram-se substituídos por comissários políticos, e todos os que tivessem ideias diferentes eram “fascistas”.

Algo que poderia ter sido uma simples transição política para uma nova república resultou na primeira bancarrota portuguesa. Logo em 1977 a loucura dos “Syrizas” dos anos 70 resultou na primeira vinda do FMI para Portugal.

Não deixa de ser curioso que Mário Soares tenha tido de implementar muitas das mesmas medidas de austeridade de Passos Coelho. É igualmente curioso o facto de que muitos dos chavões dos radicais contra Soares são exactamente iguais aos de hoje. Algumas coisas nunca mudam.

A quebra do crescimento económico numa fase crucial para Portugal teve efeitos que se sentiram até hoje. O rendimento verdadeiro (adaptado à inflação e com o custo de vida contabilizado) do cidadão português é hoje menor do que em 1973.

E na Grécia, onde o “Processo Revolucionário” já está em curso? Bom, os radicais já recuaram e começaram a negociar com a União Europeia. Em mais um momento caricato digno de uma série de comédia inglesa, o ministro “cool” das Finanças, o “bad boy” Varoufakis, anunciou esta semana que para se caçar a fuga aos impostos o governo grego vai começar a contratar “bufos” à hora.

E no entanto a “factura da sorte” de Passos, que tem sido um grande sucesso em termos de participação, já era uma ideia ridícula para o Bloco da Grécia… digo, de Esquerda. Aliás, não deixa de ser curioso que no mesmo índice de miséria, o país que ocupa o lugar de topo é a Venezuela, outro caso de uma nação onde a “revolução marxista vai em curso”.

A verdadeira miséria

O povo português sofreu imensamente nos últimos anos, e os resultados, embora pequenos, são palpáveis. Os juros da dívida pública são hoje mais baixos do que o juro “baixo” que o FMI nos concedeu. O desemprego baixou e o País está em retoma. Pede-se, portanto, responsabilidade aos nossos líderes políticos na gestão de uma situação delicada.

A “chinesice” de Costa já foi um primeiro sinal de que até o Partido Socialista começou a compreender que tem de assumir as suas responsabilidades enquanto partido representado na Assembleia. A Grécia mostra-nos que atrair eleitorado através de promessas utópicas é um processo destrutivo.

Há enormes dificuldades no horizonte, e caso se minta sobre esse facto está-se a fazer um grande desfavor ao povo.

Para Portugal sair da lista das economias “miseráveis”, tem de trabalhar muito mais de forma responsável. Mas do lado da esquerda radical não há ideias novas, apenas confronto político e soluções já provadas falhadas.

Talvez a empresa Bloomberg também devesse fazer um índice de “miséria de ideias”.