Um dos grandes problemas deste país é a falta de memória histórica.
Olha-se para o passado e reconhece-se o presente. Em especial no período após a revolução liberal. De 1820 a 1910 o país foi um antro de guerra civil, tumultos, conflitos, golpes, oportunismo. Tudo a culminar na implantação da república. Depois… mais dezasseis anos do mesmo, felizmente temperado com uma coisa chamada “ética republicana”, que nunca se soube muito bem o que seja mas que deve ser notável pois é tantas vezes proclamada. Aqui e não só.
Portanto, quando hoje vemos o que tem sido este país, quando se fala de intervenções estrangeiras, de ‘troikas’ e afins, temos mais uma razão para estudar o passado. Quando se volta a falar da necessidade de investimento público percebemos que se mantém tudo igual, que vamos a caminho de 200 anos de liberalismo, república e democracia que melhoraram qualitativamente a vida do país – mal vai se assim não fosse –, mas comprometendo a solidez, a estrutura da nação. Mas a quem interessa isso numa época de paladinos da abolição de fronteiras e da mundialização desenfreada?
Já existiam algumas histórias concisas de Portugal. A de Oliveira Marques e a de Hermano Saraiva são, provavelmente, as mais conhecidas. Agora temos mais um volume, da autoria de Maria Cândida Proença, intitulado “Uma História Concisa de Portugal”, de muito acessível leitura, sintética, rigorosa, que não inventa e faz muito bem assim. Que informa e educa, algo importante nos dias de hoje. Imagens, gráficos e demais conteúdos do género são esclarecedores e acrescentam algo ao todo, o que por vezes não sucede em obras do género. Um glossário e uma biografia essencial completam o panorama.