Apanhado a ganhar “a dois carrinhos” nas deslocações entre a sua casa nos Açores e o Parlamento em Lisboa, Carlos César finge que nada é com ele e transforma-se no exemplo máximo do político desprezível que se serve descaradamente dos cargos públicos para meter dinheiro ao bolso. O problema é que não há no seu partido quem lhe exija um mínimo de ética.
Já em Abril de 2016, quando se soube que Carlos César tinha toda a sua família a mamar na teta do Estado, se percebeu que a vergonha não era o forte do presidente do PS.
Este partido, que se reclama da “ética republicana” e se arroga o direito de dar lições de moral sob a forma de ‘postas de pescada’ parlamentares, tinha afinal como figura máxima um daqueles políticos que na I República inspiraram o desprezo do povo e o génio corrosivo das caricaturas de Rafael Bordalo Pinheiro.
O próprio PS, aliás, ficou prisioneiro do clubismo político e foi incapaz de exigir uma explicação a César: pelo contrário, cobriu com o seu silêncio um comportamento que não pode deixar de ofender os verdadeiros políticos, que estão na vida pública para servir, e não para se servirem.
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