Caro Presidente do Partido Social Democrata,
As últimas eleições directas do Presidente do PSD contribuíram de forma relevante para o reforço da legitimação da solução que obteve a confiança maioritária dos militantes, criando condições para que no próximo dia 30 de Janeiro o PSD vença as próximas eleições legislativas e lidere uma Nova Maioria reformista em Portugal.
Mas, para o PSD honrar a sua história e desempenhar a sua verdadeira vocação na sociedade portuguesa tem de ser claro no projecto que apresentará aos portugueses no próximo dia 30 de Janeiro, não colocando em causa a sua identidade e património histórico.
Um projecto que se foque na resolução dos problemas reais dos portugueses.
Um projecto que corporize uma visão para Portugal e que, sem ambiguidades, afirme uma alternativa clara ao Partido Socialista.
Um projecto que mobilize todos os portugueses que acreditam no personalismo, no humanismo, na afirmação das liberdades individuais dos cidadãos e que rejeite o populismo.
Um projecto que afirme uma visão de Portugal assente na liberdade individual dos cidadãos como motor da sociedade, mas que assegure que o Estado garante a igualdade de oportunidades a todos os cidadãos.
Um projecto que rejeite um Estado fiscal asfixiante e assuma o objectivo de afirmar uma classe média economicamente vibrante e socialmente dinâmica.
Um projecto que afirme a ideia de que é através da força da inovação que criamos e produzimos riqueza, mas que garanta um Estado forte capaz de assegurar a regulação eficiente e eficaz dos mercados.
Um projecto que não se conforme em ficar à espera de um Portugal sempre adiado, no qual os jovens necessitem de emigrar para concretizar os seus sonhos.
Um projecto que não se conforme com um país em que os empresários desesperem com o anémico crescimento económico, sempre insuficiente para o desenvolvimento dos seus projectos empresariais.
Em suma, um projecto que, sem ambiguidades, assuma a identidade do PSD como um partido humanista e reformista de centro-direita, e não como um partido de identidade e valores desconhecidos.
O desafio que enfrentamos coloca-nos perante a evidência de que não é possível persistirmos na ideia de que poderemos vencer as dificuldades que temos pela frente sem fortalecer a liberdade de decisão dos cidadãos, sem afirmarmos uma classe média sólida e vibrante, sem apostarmos na qualificação da nossa mão-de-obra permitindo que a nossa economia assente em indústrias e serviços de alto valor acrescentado, sem combatermos de forma firme a corrupção e sem combatermos a nossa dependência energética que custa cerca de 5.000 milhões de euros anualmente a Portugal e aos contribuintes portugueses.
A magnitude dos desafios que temos pela frente exige clareza por parte do PSD.
Um partido que cumpre o sonho dos seus fundadores nunca poderá ser uma muleta do Partido Socialista. Antes, tem de afirmar uma alternativa clara ao PS.
Um partido que acredita na iniciativa privada nunca poderá ser cúmplice de quem penaliza os empresários e a classe média para continuar a engordar um Estado que, de tão balofo, arrisca a um enfarte.
Um partido da família europeia do PPE não se confunde programaticamente, nunca, com partidos inscritos na Internacional Socialista.
Não nos conformamos em ser a direita de que a esquerda gosta, nem a direita que os populistas gostariam que fôssemos. Somos o grande partido que vai do centro à direita. Sempre liderando as grandes reformas que impulsionam o país e não admitindo o papel secundário de cúmplice do PS aguardando pelas reformas sempre por si adiadas.
Foi, de resto, o que fizemos ao longo da nossa história.
Não ficámos à espera do PS para fazer as revisões constitucionais e tirar o Estado do sector banca, da comunicação social e o sector dos seguros. Liderámos esse processo ao lado do povo português.
Não ficámos à espera do PS para iniciar negociações para a adesão à CEE. Fizemo-lo em nome do povo português.
Não ficámos à espera do PS para modernizar a nossa economia e para lançar as grandes obras públicas de infra-estruturas em Portugal. Desenvolvemo-las para o povo português.
Não ficámos à espera do PS para tirar o país da bancarrota e para resgatar a nossa credibilidade internacional. Assumimos essa responsabilidade em nome das futuras gerações, contra o PS.
É tempo de assumirmos a plenitude das nossas responsabilidades e assumir com clareza o nosso projecto político, assumindo claramente a ambição e o objectivo de liderar uma maioria reformista em Portugal.
Afirmar com determinação as nossas diferenças e defender com assertividade a nossa alternativa ao PS, negando qualquer possibilidade de coligação ou acordo parlamentar com o Partido Socialista.
Afirmar um projecto político mobilizador salvaguardando a identidade do PSD, respeitando a nossa história, estando, assim, à altura das expectativas, das ambições e anseios dos portugueses que aguardam por uma alternativa reformista para Portugal!
Estou em crer que o PSD, afirmando a sua identidade e o seu projecto político se encontra em plenas condições de vencer as próximas eleições. É isso que os portugueses esperam. É isso que se exige ao Presidente do PSD. ■