Coronavírus: fatal para a saúde, terrível para a economia

A Europa está a viver dias de pânico depois de o Coronavírus, agora baptizado de Covid-19, ter chegado em força ao Norte da Itália, obrigando umas largas dezenas de milhar de cidadãos a ficarem de quarentena em suas casas. Mas se o drama é humano, o certo é que a economia mundial está a ser cada vez mais afectada pela doença, sem que exista uma previsão de quando esta poderá ser estancada. A queda das bolsas e do petróleo foi a reacção imediata.

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Na Europa há quem defenda o encerramento de fronteiras, e as instituições estão a acompanhar o evoluir da situação sanitária e económica. O exemplo de Itália demonstrou a rapidez com que a doença se pode propagar, aumentando diariamente o número de infectados e de mortos. Vários outros países europeus registam casos de infectados – mas, para já, em pequena escala.

A semana começou da pior forma, com a Organização Mundial de Saúde a alertar que o Mundo tem de se preparar para uma “eventual pandemia”.

OMS teme pandemia
O director-geral da OMS avisou que o Mundo tem de se preparar para uma “eventual pandemia” do novo coronavírus, considerando “muito preocupante” o “aumento repentino” de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão. “Devemos concentrar-nos na contenção da epidemia, enquanto fazemos todo o possível para nos prepararmos para uma possível pandemia”, disse na segunda-feira Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa conferência de Imprensa em Genebra.

No entanto, também existem algumas boas notícias. A epidemia recuou na China, onde o novo coronavírus surgiu no final de Dezembro e onde 77.000 pessoas foram infectadas desde então, refere a OMS.

Especialistas da missão conjunta da OMS em várias províncias chinesas, incluindo Wuhan, o epicentro da epidemia, descobriram que o Covid-19 atingiu na China “um pico seguido de 23 de Janeiro a 2 de Fevereiro passado, e está em declínio desde então”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Isso deve dar aos países esperanças de que esse vírus possa ser contido”, afirmou, mais uma vez saudando as medidas drásticas tomadas pela China, onde dezenas de milhões de pessoas vivem confinadas há semanas.

Noutras partes do mundo, a epidemia de pneumonia viral acelerou já esta semana, com relatos de subidas acentuadas na Coreia do Sul e no Irão, que agora registam o maior número de casos de contaminação e mortes fora da China. Segundo Ghebreyesus “o aumento repentino no número de casos em Itália, no Irão e na Coreia do Sul é muito preocupante”.

Alerta do FMI
Do lado da economia, o principal alerta veio do Fundo Monetário Internacional (FMI), que considerou que o surto do novo coronavírus coloca em risco a recuperação económica mundial, e manifestou disponibilidade para ajudar financeiramente os países mais pobres e vulneráveis.

“Acima de tudo, o vírus Covid-19 é uma tragédia humana, mas também tem impacto económico negativo. Relatei ao G20 que, mesmo no caso de rápida contenção do vírus, o crescimento na China e no resto do Mundo seria afectado. Obviamente que todos esperamos uma recuperação rápida, mas, dada a incerteza, seria prudente estarmos preparados para cenários mais adversos”, disse a directora-geral do FMI. Falando após a reunião dos ministros das Finanças e de governadores de bancos centrais do G20, em Riade, na Arábia Saudita, Kristalina Georgieva sublinhou que o surto do novo coronavírus interrompeu a actividade económica na China e poderá colocar em risco a sua recuperação.

A directora-geral do FMI considera fundamental a cooperação internacional para a contenção do Covid-19, tanto ao nível do impacto humano, como económico. “Precisamos de trabalhar juntos para conter o Covid-19, especialmente se o surto se mostrar mais persistente e generalizado”, frisou.

A situação é tão grave que o FMI equaciona prestar apoio. Nesse sentido, sublinhou que o FMI “está pronto para ajudar”, nomea-
damente através do Fundo de Contenção e Ajuda em Catástrofes, para “fornecer subsídios para o alívio da dívida de membros mais pobres e vulneráveis”.

Kristalina Georgieva considerou ainda que é necessário cooperação para reduzir “a incerteza sobre o comércio global”, e que o Mundo deve colaborar para aumentar a mitigação e a adaptação às alterações climáticas. “O Covid-19 é um forte lembrete das nossas interconexões e da necessidade de trabalharmos juntos. Nesse sentido, o G20 é um fórum importante para ajudar a colocar a economia global numa base mais sólida”, concluiu a directora-geral do FMI.

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