Lisboa – a nova capital “soviética”?

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Na nomenclatura comunista, há três pilares intocáveis: a hierarquia é seguida à risca e a obediência é cega; a prepotência é total; e os privilégios dos “manda-chuva” invejáveis e inquestionáveis.

A olho nu, é isto que se passa hoje na Câmara Municipal de Lisboa, perante o espanto, perplexidade e (muito grave!) passividade dos lisboetas.

A prepotência e arrogância das medidas tomadas na capital, sempre em “prol” dos cidadãos, apesar de na realidade serem contra os cidadãos moradores, são gritantes.

A cereja no cimo do bolo é o anúncio das alterações que ocorrerão a partir de Junho na Avenida da Liberdade e Baixa de Lisboa, que ficarão interditas à circulação automóvel excepto para residentes e transportes públicos, de onde, por maioria de razão, se excluem os Uber. E se isto já é controverso e altamente penalizador para o comércio local e residentes, os tiques estalinistas do Presidente da Câmara, Medina, vão ao ponto de definir um número limite de visitas mensais que os moradores podem receber – dez – sendo obrigatório apresentar a lista das mesmas. À boa maneira soviética, o Chefe manda e a maralha obedece e aplaude a fim de não ir parar com os costados à Sibéria… (por cá, seria mais brando e iria para a rua do Partido e se possível da Câmara).

Por este andar, qualquer dia os “donos” da Câmara, imbuídos dos tiques soviéticos, vão impor a necessidade de autorização aos lisboetas para se deslocarem de uma Freguesia para outra.

Com esta descrição, já temos os dois primeiros pilares. Vamos ao terceiro.

Como é que o Senhor Medina e os seus acólitos se vão deslocar até ao edifício da Câmara Municipal de Lisboa localizado na Baixa de Lisboa? E os senhores do Banco de Portugal, ali vizinhos? Está explicado o terceiro pilar.

Mas sobre a prepotência dos responsáveis pela Câmara Municipal de Lisboa, sempre dentro dos três pilares referidos, ainda há mais a dizer.

Qualquer capital europeia nos dias de hoje anseia ser um destino turístico, tudo fazendo para bater a enorme concorrência e fazer frente aos destinos “históricos” como Paris, Londres ou Roma.

Deseja-se uma cidade limpa, segura, com espaços verdes, esplanadas, passeios adequados, edifícios conservados, mas sobretudo mantendo as suas características, a sua cultura e a sua História, pilares fundamentais para marcar a diferença.

Exige-se uma cidade aberta ao turismo, mas onde prevaleça a defesa do bem-estar dos seus residentes que, mais do que ninguém, contribuem através dos seus impostos para a manutenção da mesma.

Dentro do bem-estar referido, onde obviamente se incluem os aspectos citados no segundo parágrafo, contempla-se igualmente o fácil acesso à propriedade, isto é, ao imóvel onde se habita, bem como espaços para parquear as viaturas, meio de transporte corrente e fundamental nos tempos que correm.

O que assistimos em Lisboa sob a batuta socialista do senhor Medina? Transformar Lisboa num destino turístico com total desprezo pelos lisboetas e, em alguns casos, descaracterizando a mesma, menosprezando a sua história e cultura.

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