Lisboa não quer monumentos nem homenagens a Vasco Gonçalves

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Os últimos dias antes de férias foram marcados pela polémica em torno de uma hipotética homenagem ao General Vasco Gonçalves. 

Tudo começou na reunião pública da Câmara Municipal de Lisboa, ocorrida a 27 de Julho, quando um responsável da Associação Conquistas da Revolução usou da palavra, no período do público, para se queixar de que a CML não lhe responde às cartas e que a associação pretende homenagear aquela que escolheram como referência primeira e que consideram figura ímpar da revolução: o General Vasco Gonçalves. Por ocasião do centenário do seu nascimento, pretendem estes senhores que seja feito um monumento ao seu ídolo, na capital do país.

Apesar dos Governos Provisórios do General, e até contra eles, vivemos em Democracia. Isso permite que os responsáveis desta associação vão a uma reunião pública da Câmara expor as suas ideias, por mais absurdas ou detestáveis que possam ser, de uma forma livre, e ainda bem que assim é.

Já a resposta do Presidente da Câmara não foi propriamente aquilo que se poderia esperar, e dela nasceu a polémica. Disse Carlos Moedas que “é óbvio que para nós todos à volta, será sempre uma honra e um gosto continuar a homenagear o senhor general Vasco Gonçalves. Em relação concretamente à construção de um monumento, eu penso que trabalharemos um bocadinho mais convosco na definição desse monumento (…)”. Estas declarações que transcrevi são públicas e constam do vídeo da reunião de Câmara que está no youtube.

O mínimo que se poderá dizer da resposta de Carlos Moedas é que é inacreditável! 

Vasco Gonçalves representou o pior do penoso PREC, período que a dita associação apelida de “o período mais criativo da revolução”. O projecto político do general, também conhecido por companheiro Vasco, era o de uma ditadura de esquerda em Portugal, apoiada pelos comunistas e patrocinada pela União Soviética. Foi nos tempos dos seus governos provisórios que se emitiram mandados de captura em branco, que se prenderam pessoas por delito de opinião, que se promoveram saneamentos, que se fomentaram ocupações de terras. Foi com ele que aconteceram as nacionalizações e se decapitou a economia portuguesa. Aquele período do senhor general marcou e dividiu Portugal. De um lado o próprio e os apoiantes daquela loucura revolucionária em curso. Do outro lado da barricada estavam os democratas e os defensores da Liberdade. Estavam o PS de Mário Soares, o PPD de Sá Carneiro, o CDS de Freitas do Amaral e outros. Estava a imensa maioria do povo português que aspirava a viver em democracia e em liberdade. 

Lisboa não quer monumentos nem homenagens a Vasco Gonçalves. Não quer isto dizer que se deva apagar o homem e a sua acção da História de Portugal. Bem pelo contrário. É preciso falar nele, no que ele representou, no que ele fez. É preciso explicar às gerações mais novas (e não só) que em Portugal, no ano de 1975 também se teve de lutar pela Liberdade contra um projecto político totalitário da esquerda radical. É preciso recordar que, se Portugal se manteve no caminho da Democracia, da integração europeia, optando por uma democracia liberal em detrimento de uma democracia popular, tal se deve aos que combateram Vasco Gonçalves e o seu projecto político para o país, aos que no 25 de Novembro asseguraram que o caminho para a Liberdade não seria interrompido por uma qualquer alucinação vermelha. 

Quanto ao Presidente da Câmara de Lisboa, por muito que tenha a tentação de querer agradar a todos, a verdade é que não o pode fazer. Foi escolhido para governar e tomar decisões. Neste caso concreto até teria sido muito fácil decidir e enterrar o assunto. Bastaria ter dito logo: “Comigo Lisboa não presta homenagens a extremistas e inimigos da Liberdade!” 

Ouvir as pessoas não implica forçosamente concordar com elas! ■