Medina: Que está ele a fazer na Câmara?

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EVA CABRAL

Obcecada com obrinhas de fachada e operações de charme, a autarquia socialista deixou chegar à derrocada iminente a mais célebre “varanda” da capital. Agora, é pagar obras de emergência recomendadas pelo eterno Salgado…

Isto é mesmo uma piada de muito mau gosto. O Medina dos canteirinhos e das pistas para biclicletas vazias esqueceu-se do importante. No miradouro de São Pedro de Alcântara surgiram fissuras perigosas; e agora, com o argumento de ser necessário garantir a segurança de pessoas e bens, a Câmara de Lisboa quer contratar, através de ajuste directo, uma empreitada de 5,5 milhões de euros.

Tanto canteirinho a esturricar ridículo ao sol de Lisboa, graças a um autarca que faz da cidade o que muitas velhinhas fazem das escadas dos prédios com intrincados arranjos florias. Claro que os das velhinhas vivem, pois são amorosamente regados. Os do Medina já estão a ser mega-cinzeiros, e a chegada do tempo de Verão lhes dará a machadada final.

Mas vamos às fissuras. De acordo com uma proposta que esteve em discussão na última reunião privada da Câmara, e que foi revelada pela agência Lusa, a intervenção “visa a execução de trabalhos de engenharia geotécnica de carácter definitivo”, de forma a “sanar a situação de instabilidade actualmente verificada e corrigir os danos já identificados nas estruturas existentes, restabelecendo as adequadas condições de funcionamento estrutural deste miradouro centenário e histórico”.

Ao mesmo tempo, “reduzirá, ao máximo, a possibilidade de futuros danos no mesmo, decorrentes dos inevitáveis agentes naturais a que está sujeito, como sejam, entre outros, as águas pluviais e de circulação interna e os sismos, que podem conduzir, rapidamente, a novas situações de instabilidade”, aponta o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado (sempre o Manuel Salgado, pois o Medina deve andar a contar os ciclistas), que assina o documento.

Na proposta, o autarca explica que o Miradouro de São Pedro de Alcântara, com mais de 250 anos de existência, é composto por três plataformas, cada uma suportada por um muro de alvenaria de pedra.

Contudo, em 2006 verificou-se o “aparecimento de fissuras no pavimento intermédio do Miradouro, de deformação do pavimento da Rua das Taipas, de roturas de infra-estruturas e de movimentos dos bordos das juntas e fendas dos muros de suporte de terras do miradouro”, situação que tem sido objecto de “monitorização e acompanhamento regular” da Direcção Municipal de Projectos e Obras.

Depois de analisar várias soluções e de ter consultado o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), a autarquia resolveu apostar em obras de impacto reduzido, evitando a escavação dos terrenos.

O que são as obras?

Por estarem em causa “valores de ordem pública, relativos à salvaguarda de pessoas e bens, face ao risco iminente de deslizamento de terras locais ou globais”, o município decidiu, também, optar pela contratação de uma empreitada por ajuste directo à empresa Teixeira Duarte Engenharia e Construções. Mais uma vez à Teixeira Duarte.

Os trabalhos, com um valor base 5,49 milhões de euros, têm um prazo de execução previsto de cinco meses.

Tal opção é justificada com a “urgência” e pelo “carácter excepcional da situação verificada”, vinca Manuel Salgado, adiantando que, caso se optasse pelo concurso público, este estaria “sujeito a prazos e formalidades inultrapassáveis, que não se compadecem com a urgência da intervenção”.

Mas se seguia o dossier e é tão especialista, se o PS está na Câmara de Lisboa há uma década, por que raio ninguém fez as obras? Andam antes a destruir calçada portuguesa e a fazerem laguinhos para alindar Lisboa?

As obras visam a execução de cortinas e contrafortes em estacas moldadas e de vigas de travamento, a reabilitação dos muros existentes, a remoção controlada da camada de terras e implementação de plano para medir eventuais deslocamentos horizontais e verticais do talude.

Em comunicado, a autarquia (de maioria PS) informa que, pontualmente, os trabalhos podem vir a condicionar a circulação automóvel nas ruas das Taipas e de São Pedro de Alcântara. Mas lixar os automobilistas é o desporto preferido do Medina. Com fecho de ruas e a EMEL em pleno saque.

Voltando ao comunicado. “As obras terão início com brevidade, pois trata-se da época do ano mais favorável à sua realização por razões climatéricas”, aponta o município, acrescentando que “o acesso ao jardim na parte superior não será condicionado durante a obra, com excepção da protecção de acesso à plataforma superior”.

A saloiice da Maddona

Para além da obsessão das florinhas, o autarca de Lisboa conseguiu ainda a proeza saloia de forçar um encontro com Madonna depois de se especular que a cantora podia vir comprar casa em Lisboa.

Como é republicano e socialista, Fernando Medina esteve à conversa com Madonna em Lisboa no Hotel Ritz, num “encontro de natureza institucional”.

Institucional? Deixem-se de conversas. Medina deve ter sonhado com Madonna em jovem e agora, qual saloio, puxou dos galões e explicou que ele é que é o Presidente da Câmara. Enfim, lá se impingiu.

Num cúmulo da indigência intelectual, em entrevista à TVI, o presidente da Câmara de Lisboa escusou-se a confirmar se a cantora vai ou não comprar casa na capital, mas admite que tal “seria importante para o País”. Um louco. Vá antes pegar num regador e salvar algumas das plantinhas.

“Foi uma conversa muito agradável”, comentou Fernando Medina (talvez para ele), contando que aproveitou para elogiar a “participação cívica” de Madonna contra as políticas de Donald Trump. Ela deve ter ficado extasiada com o elogio do Medina. Qualquer um fica, tal o gabarito do personagem.

“Tive o cuidado de transmitir uma mensagem de boas-vindas. Queremos que as pessoas se sintam bem em Lisboa, em Portugal, em Sintra se for caso disso”, acrescentou o autarca com um sorriso. Um sorriso tonto, acrescenta a escriba, uma vez que ele só é mesmo autarca em Lisboa. O País, caso Medina não saiba, é outra coisa.

A ‘Rainha da Pop’ esteve em Portugal durante uma semana com o filho David e as filhas Esther e Stella. Pode ser que se tenha apaixonado por Lisboa. Ou até pelo Medina…