Precários: debate para inglês ver

1
2032

MARTA BRITO

A interpelação parlamentar do Bloco de Esquerda ao Governo, a propósito da integração dos precários, não passou de uma encenação para que a geringonça pudesse manter as aparências. Ao que isto chegou!

Um dos mais activos membros da geringonça, o Bloco de Esquerda, utilizou o debate parlamentar da passada semana para que o Governo e a bancada do PS pudessem brilhar a armando que a integração dos precários faz parte do seu progra- ma. Uma verdadeira peça de teatro “para inglês ver”.

A ‘grande’ diferença é que o BE queria tudo resolvido em Março, enquanto o Governo diz que o dossier é muito técnico, e só poderá estar terminado no final de 2018. Ou seja, mesmo nas vésperas do ano marcado por eleições europeias e legislativas, o Executivo opta pelo melhor calendário, e a estratégia está a ser montada tendo em vista existir uma ‘memória’ recente de uma benesse junto dos eventuais eleitores.O interesse do debate para o Governo cou comprovado, desde logo, pela presença no Parlamento dos ministros das Finanças e do Trabalho, dando peso político à discussão.

A questão dos precários tinha sido um tema decidido pelo BE nas suas jornadas parlamentares. Com esta interpelação, o BE quis ficar bem com os precários – dando a ideia de que exige a aceleração do processo – ao mesmo tempo que dá palco para o Executivo de António Costa ter a possibilidade de defender que a regularização é um objectivo comum do Governo e da actual maioria, como vincou o ministro Vieira da Silva.

Na intervenção inicial dos bloquistas, o deputado José Soeiro afirmou que “o processo de regularização dos precários do Estado é uma oportunidade histórica de corrigir injustiças e ilegalidades”, considerando que “é pelo sucesso ou pelo insucesso” deste programa que “o Governo será julgado”. E avisou que o Governo tem que “actuar imediatamente para corrigir as falhas e os atrasos” no processo. “Não apenas pelo Bloco, mas pelo conjunto dos precários que vêem nesta maioria a expectativa de serem finalmente respeitados”, disse.
Quem tivesse acabado de chegar ao País poderia pensar que o BE é oposição e não uma muleta do Governo da geringonça.

Mas depressa descobriria o engano.

  • Leia este artigo na íntegra na edição impressa desta semana.