Se calhar é melhor o Governo não salvar mais nada

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O Governo do Partido Socialista veio salvar Portugal. Vejamos, com olhos leigos, alguns exemplos da sua actuação.

I

Em 17 de Novembro de 2022, o primeiro-ministro António Costa apresentou, em grandes parangonas, o Plano Ferroviário Nacional. Um plano aberto, que levará décadas a executar, e para o qual convidou todos a participar, “para que tenhamos um plano mais reflectido, mais ponderado, mais consensualizado”. É, por isto, “um tema de cidadania, de economia, de ordenamento do território, de ambiente e é nesta diversidade que é necessário discuti-lo”.

Atendendo à importância justamente dada ao tema, seria natural que os trabalhadores da área dos transportes, e particularmente da ferrovia, tivessem sido envolvidos, comprometidos e estivessem motivados para este grande passo.

Cerca de três meses depois não param as greves e nenhum de nós pode planear uma viagem de comboio para os próximos dias, pois com grande probabilidade esse comboio não circulará.

O Partido Socialista veio salvar a ferrovia. Mas não há comboios.

II

Em Setembro de 1995, António Guterres lançou a “Paixão pela Educação”, que António Costa abraçou mais recentemente, e que tem sido uma bandeira socialista.

Depois dos últimos sete anos de Governo socialista, os professores estão na rua.

A carreira dos professores é demolidora para a construção de uma vida. Sem nunca saberem onde serão colocados, os parcos ordenados mal dão para pagar os quartos ou os apartamentos para viverem mais um ano lectivo.

Quando os alunos têm comportamentos de falta de respeito, de afronta, de ameaça, os professores não têm meios eficazes de defesa. A sua autoridade é constantemente posta em causa. As justificações que têm que dar para reterem um aluno que não teve aproveitamento são desmotivadoras. A falta de exigência é tanta que só o brio profissional dos professores os leva a continua-
rem tão inglória luta, como é o exercício da sua profissão.

O Partido Socialista veio salvar a educação. Mas não há aulas há semanas.

III

Em 2015, António Costa apregoava o seu empenho no SNS. Em breve, todos os portugueses teriam Médico de Família. O acesso aos cuidados de saúde eram garantidos.

Passados estes anos, muitas foram as medidas que se tomaram. Durante a pandemia, depois da pandemia. Acabaram-se as PPP, que eram mais eficazes e asseguravam melhores cuidados, com poupanças para o Estado. Os trabalhadores da saúde continuaram a perder o poder de compra. Oferecem-se melhores pagamentos a partir das 150 horas extras.

Os blocos não abrem por falta de pessoal. As urgências fecham. Os médicos saem do SNS, para o privado ou para o estrangeiro. Os enfermeiros seguem-lhes os passos.

O Partido Socialista veio salvar o SNS. Mas as urgências continuam a fechar.

IV

A TAP foi privatizada. O Partido Socialista reverteu a privatização da TAP.

O PS gastou 3,1 mil milhões de euros com a TAP. Dinheiro dos nossos impostos, que não foram usados em benefício dos trabalhadores. Pelo contrário, muitos foram os que foram despedidos.

Passados estes anos, o PS propõe… privatizar a TAP.

O Partido Socialista veio salvar a TAP. Só que a TAP está praticamente falida.

V

Na sequência do “Luan-
da Leaks”, o Estado
ficou com 71,73% da EFACEC, anteriormente pertencentes a Isabel dos Santos.

A primeira tentativa para vender a empresa falhou.

O Governo abriu a segunda fase de venda da EFACEC, tem propostas de cinco empresas e aprovou uma resolução de venda directa das acções, “com vista à apresentação de propostas vinculativas melhoradas”.

O Partido Socialista veio salvar a EFACEC. Mas a EFACEC está praticamente falida.