Taxas Euribor disparam e sobem as prestações da casa

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Os bancos concederam 1.519 milhões de euros para a compra de casa em Maio, de acordo com os dados divulgados esta semana pelo Banco de Portugal (BdP). 

“O crédito à habitação totalizou 1.519 milhões de euros, o crédito ao consumo aumentou para 551 milhões de euros, e o crédito para outros fins ascendeu a 227 milhões de euros”, adianta o BdP, em comunicado. 

Os valores registados em Abril, lembra o BdP, haviam sido 1.324 (habitação), 417 (consumo) e 176 milhões de euros (outros). 

Nesse mesmo mês de Maio, e de uma maneira mais geral, os bancos concederam 2.297 milhões de euros de novos empréstimos aos particulares, mais 381 milhões do que em Abril, sendo que “o montante emprestado subiu em todas as finalidades”.

A taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação subiu de 1,07% em Abril, para 1,26%. “Este valor é o mais elevado desde Julho de 2019. Em Dezembro de 2021, a taxa de juro média foi de 0,83%”, diz o BdP.

Taxas Euribor

As taxas Euribor subiram esta semana a três e a 12 meses, no prazo mais curto para um novo máximo desde Fevereiro de 2016. Em contrapartida, desceram a seis meses face a segunda-feira.

A taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação e que entrou em terreno positivo em 6 de Junho, recuou no início da semana para 0,234%, menos 0,007 pontos, contra 0,291% em 17 de Junho, um máximo desde Setembro de 2014.

A média da Euribor a seis meses subiu de -0,144% em Maio para 0,162% em Junho. Recorde-se que a Euribor a seis meses esteve negativa durante seis anos e sete meses (entre 6 de Novembro de 2015 e 3 de Junho de 2022).

Em sentido contrário, no prazo de três meses, a Euribor avançou esta semana, ao ser fixada em -0,145%, mais 0,020 pontos e um novo máximo desde Fevereiro de 2016.

A média da Euribor a três meses, a única que está em terreno negativo, subiu de -0,386% em Maio para -0,239% em Junho.

A Euribor a 12 meses também avançou esta semana, ao ser fixada em 0,939%, mais 0,042 pontos e contra 1,124% em 17 de Junho, um máximo desde Agosto de 2012.

Após ter disparado em 12 de Abril para 0,005%, pela primeira vez positiva desde 5 de Fevereiro de 2016, a Euribor a 12 meses está em terreno positivo desde 21 de Abril. A média da Euribor a 12 meses avançou de 0,287% em Maio para 0,852% em Junho.

As taxas Euribor começaram a subir mais significativamente desde 4 de Fevereiro, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro directoras este ano devido ao aumento da inflação na Zona Euro. A tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de Fevereiro.

A evolução das taxas de juro Euribor está intimamente ligada às subidas ou descidas das taxas de juro directoras BCE. As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses entraram em terreno negativo em 21 de Abril de 2015, 6 de Novembro de 2015 e 5 de Fevereiro de 2016, respectivamente. As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respectivamente, de -0,605% em 14 de Dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de Dezembro de 2021.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

Reabilitação

Estima-se que os custos de construção de habitação nova tenham aumentado 13,5% em Maio de 2022 em relação a Maio de 2021, divulgou esta semana o Instituto Nacional de Estatística (INE). 

Esta taxa representa “menos 0,7% do que o observado no mês anterior”, de acordo com os dados divulgados. O preço dos materiais e o custo da mão de obra apresentaram, respetivamente, variações homólogas de 18,7% e de 6,1%.

Apesar deste encarecimento, a Câmara Municipal de Melgaço resolveu dar exemplo de empreendedorismo e vai arrancar com a reabilitação de habitações sociais, num investimento superior a 270 mil euros, no âmbito da candidatura ao Programa 1.º Direito, que já foi aprovada, anunciou a autarquia.

“O contrato de comparticipação entre o IHRU, I.P. (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, I.P.) e o município de Melgaço já foi assinado, procedendo-se agora ao arranque da primeira fase de beneficiação de habitações sociais do concelho, destinadas a residência permanente de pessoas e agregados elegíveis. O projeto deverá estar concluído até final do primeiro semestre de 2023”, lê-se na nota de imprensa.

Acrescenta a autarquia do distrito de Viana do Castelo que a candidatura apresentada acontece no âmbito do Investimento RE-C02-i01 “Programa de Apoio ao Acesso à Habitação” do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e designa-se “Reabilitação de 6 fogos – Município de Melgaço”.

As habitações em questão localizam-se nas freguesias de Chaviães, Penso, Remoães, Roussas, Cubalhão e São Paio. ■