Em determinado período, nomeadamente desde os finais do século passado, início deste século, a chamada esquerda conservadora – linha do nosso (antigo) PS – deu sinais de se querer aproximar dos ideais sociais-democratas em detrimento do posicionamento marxista, tão em voga desde o início do século XX.
Foi comum começar a escutar-se por parte dos dirigentes socialistas referências à “família social-democrata” e aos princípios sociais-democratas. O próprio actual secretário-geral do PS, António Costa, o afirmou durante a última campanha eleitoral, durante o debate com a sua camarada Catarina Martins (BE) sublinhando ser esse o seu posicionamento pessoal desde sempre. Perante os factos, como diz o ditado, “à mulher de César…”.
Contudo, houve sempre elementos que se mantiveram fiéis à linha marxista do partido, radicalizando mesmo por vezes a sua posição, e que paulatinamente foram conquistando espaço.
Repentinamente, após os resultados eleitorais de 4 de Outubro último, esse radicalismo de esquerda, roçando mais o extremismo do que a democracia, veio ao cimo, contagiando a quase totalidade dos membros do PS, uns por convicção escondida, outros por oportunismo e outros ainda por cobardia.
Como resultado desta postura, a que muito poucos tiveram a ousadia e coragem de se opor, surge de novo a política do embuste, isto é, a política da demagogia que apenas sobrevive enquanto houver dinheiro. Voltaram-se portanto para os tempos em que a política se baseia em manter chavões antigos – sinónimo de inépcia – em vez de se tentar inventar ou criar novos modelos sustentáveis, exequíveis e que fossem ao encontro das reais necessidades das populações.
A extrema-esquerda (deixou de haver esquerda), constituída pela troika PS/PCP/BE, assenhorou-se novamente daquela máxima de que “só há direitos, mas não há obrigações”, ou seja, os empregos têm que cair do céu, o patronato é um “monstro a abater”, a greve é um instrumento de destabilização e não de reivindicação e toca a distribuir a torto e a direito e depois logo se vê (quando começar a faltar o dinheiro, inventam-se mais umas taxas e uns impostos, e está feita a coisa).
Tudo isto se pode resumir numa palavra: demagogia, que aliás é sinónimo da postura das políticas de esquerda e extrema-esquerda. Facilmente fazem crer que tudo é possível: é possível baixar impostos; é possível aumentar salários; é possível aumentar pensões; é possível restituir o que foi retirado; é possível diminuir o desemprego; etc., etc., etc.
Para além da enorme mentira que isto representa, demonstra a falta de visão, de pensamento a longo prazo, algo que é comum neste enquadramento político e daí o facto de que, quando um governo de esquerda – entre nós tem sido sempre o PS – abandona o poder, quase sempre deixa as finanças nas “lonas” e os outros que resolvam o problema.
Este novo Governo de extrema-esquerda em Portugal (com alguns Ministros a quererem dar mostras de bom senso e de algum conservadorismo para acalmar os ânimos) desde já manteve este ‘status quo’.
Senão, vejamos: As primeiras medidas aprovadas no Parlamento são de uma demagogia total e absoluta, sem qualquer interesse para os verdadeiros problemas nacionais, cuja resolução é vital para o futuro do país; logo após a nomeação do Executivo, vieram a público medidas que, além de demagógicas, são preocupantes, pois continuamos sem saber como é que o Governo tenciona obter receitas – sem ser com o aumento de impostos – para fazer face a esse aumento de despesas; paralelamente vislumbram-se lutas na tentativa de bloquear privatizações em curso, nomeadamente nos transportes – arma fundamental para a política de destabilização levada a cabo pelo PCP, e do agrado do BE – cujas consequências financeiras se desconhecem; por último, a intenção de implementar uma política que nos faz regressar dez anos atrás em termos económicos e cem anos atrás (ou talvez sem data, pois sempre houve avaliações) no que concerne à educação. A ideia de acabar com os exames é surrealista e demonstrativa da tentativa de estupidificar cada vez mais a população, de modo a mais facilmente ser manipulada.
Humberto Castelo Branco, uma vez afirmou: “A esquerda é boa para duas coisas: organizar manifestações de rua e desorganizar a economia”. Margareth Thatcher foi mais longe: “O socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros”. Sábias palavras…
A Esquerda em Portugal, como noutros países, definitivamente parou no tempo, ou melhor, regrediu no tempo, voltando à época do quase estalinismo – intenções e tentações de nacionalizar, ocupar, sanear e assaltar, não faltam – ultrapassando mesmo o período mais marxista da sua existência desde o 25 de Abril, fazendo jus às duas citações anteriormente transcritas.
É caso para dizer: à esquerda (e extrema-esquerda), nada de novo.