A morte, no mês passado, de D. Luiz de Orleans e Bragança, aos 84 anos, Chefe da Família Imperial do Brasil, teve uma repercussão que chegou a surpreender alguns sectores da sociedade brasileira. O bisneto da Princesa Isabel, filho de D. Pedro Henrique, levou uma vida muito discreta, enfrentando desde jovem problemas de saúde. O seu irmão, D. Bertrand, vinha exercendo de facto a coordenação dos movimentos monárquicos, que nos últimos anos tem atraído muitos jovens estudantes, especialmente nas cidades do interior.
Tão logo os monárquicos colocaram na “internet” a nota de falecimento, a notícia começou a despertar manifestações de respeito e consideração, que os “sites” dos “media” repercutiram e o presidente Jair Bolsonaro decretou luto oficial. As Forças Armadas estiveram presentes nos funerais, sendo o corpo do príncipe carregado por oficiais e marinheiros da Marinha do Brasil.
A presença na memória popular guarda os dois imperadores e, em especial, a Princesa Isabel, que foi regente em diversas ocasiões com as viagens do pai à Europa e à América do Norte, sendo ela, como se sabe, a responsável maior pela abolição da escravatura, pela qual lutou muitos anos. A nobre brasileira, que foi casada com o Conde d’Eu – Orleans – morreu no exílio, em França, e hoje corre um processo no Vaticano pela sua beatificação, pela sua vida de profunda religiosidade.
A Família Imperial do Brasil não perdeu importância internacional com a República. Os dois filhos da Princesa Isabel, D. Pedro de Alcântara e D. Luiz, tendo o primeiro renunciado a seus direitos sucessórios em favor do segundo, tiveram descendência dentro do que existe de melhor na Europa.
D. Pedro Gastão casou-se com D. Esperança, de Espanha, irmã da Condessa de Barcelona, seu irmão D. João, que foi oficial da Força Aérea Brasileira, com a Princesa Fátima Tousson, do Egipto, Teresa de Marttorel y Calderón, com o industrial espanhol, com casamento que movimentou a Europa, em 1957, na Quinta do Anjinho, em Sintra, onde morava a sua irmã Isabel, Condessa de Paris, D. Maria Francisca que casou com o herdeiro da coroa portuguesa na linha de D. Miguel, D. Duarte Nuno, unindo os dois ramos dos Bragança, unificando a Família Real em Portugal, hoje chefiada por D. Duarte, que descende tanto de D. Miguel como de D. Pedro IV. A primogénita, D. Isabel, casou-se com o herdeiro do trono de França, D. Henri. Deste casamento resultaram 11 filhos, todos casados no melhor da nobreza europeia.
Já D. Pedro Henrique, casado com a Princesa da Baviera, D. Maria, também teve 11 filhos. Os dois mais velhos, o falecido D. Luiz e o sucessor D. Bertrand, solteiros, mas com a sucessão em D. António, casado com D. Christine, princesa belga, de Ligne, pai de D. Rafael, o terceiro na sucessão, a Princesa Eleonora, casada com Michel, Príncipe de Ligne. D. Pedro é casado com uma descendente directa de José Bonifácio, conhecido na história como Patriarca da Independência e ligado aos imperadores.
A causa monárquica, sem maior divulgação, obteve 13% dos votos no plebiscito sobre a opção popular ao regime – se republicano ou monárquico, parlamentar ou presidencialista, como continuou sendo. Mas o prestígio da Família Imperial, como se verifica, é bem maior do que esta percentagem. Que só deve ter crescido com as sucessivas crises que o Brasil vem atravessando. A irmã de D. Pedro Henrique, D. Maria Pia, casou-se com o Conde Robert de Nicolay, sendo hoje o seu filho Louis-Jean senador em França.
O Imperador D. Pedro II e sua filha, Princesa Isabel, seriam duas raras unanimidades no apreço do povo brasileiro.
Hoje, temos, no Parlamento brasileiro, um Orleans e Bragança, Luís Felipe, neto de D. Pedro Henrique. ■