Uma das mais relevantes iniciativas culturais do sector privado, voltada em especial para a música, está a comemorar 25 anos, no Brasil e em Portugal, onde tem estado presente.
“Música no Museu”, iniciativa do empresário Sérgio Costa e Silva, teve início com base nas apresentações musicais nos grandes museus do mundo. Assim foi no Brasil, a partir do Rio de Janeiro, mas logo passou a outros espaços, como igrejas, palácios e jardins públicos. Recentemente passou a levar música aos hospitais públicos, especialmente os dedicados a crianças.
Um dos pontos de apresentações mais presentes tem sido o Palácio São Clemente, sede do Consulado-Geral de Portugal, desde os embaixadores Vanda e António Almeida Lima, Eduarda e Jaime Leitão, e agora com Gabriela Albergaria. A presença em Portugal em locais de prestígio como Palácio Foz, Museu da Música, em Coimbra, no Museu Machado de Castro, Mosteiro de Alcobaça, nas igrejas de Estremoz, Braga, Évora, Óbidos Santarém e Aveiro, entre outras, tornaram o projecto luso-brasileiro.
O projecto percorreu praticamente todo o Brasil e tem estado presente noutros países europeus, como Espanha, Áustria, República Checa e nos EUA, representando a boa música brasileira, clássica e popular. Já contou com recitais de pianistas brasileiros de presença internacional como Nelson Freire e Arnaldo Cohen e, ao criar no Rio o “Festival de Harpa”, colocou o brasileiro no circuito internacional do instrumento. No mesmo caminho o “ReWind Festival”, que reúne músicos deste instrumento. São muitas as publicações a partir do projecto e álbuns reunindo temas apresentados. Inacreditável!
Sérgio Costa e Silva revelou na sua recente passagem por Lisboa – onde divide com o Rio a sua residência – que o sucesso e a proporção do projecto não foram imaginados por ele ao ter a iniciativa, que foi avançando, crescendo, tornando plural nas músicas ao longo do tempo até chegar a esta dimensão internacional. Tudo com muito trabalho, perseverança e idealismo.
Quando dos 200 anos da chegada de D. João VI ao Brasil, e no ano passado com os 200 anos da separação de Portugal, a actividade nos dois lados do Atlântico foi intensa. Entre apresentações no Brasil e no exterior, são mais de 500 por ano e envolvem mais de mil músicos, desde consagrados a iniciantes.
O projecto, com reconhecimento internacional, conta com apoio de importantes empresas brasileiras e tem sido presente nos “media”, inclusive com reportagem na revista de bordo da TAP, “The New York Times” e “Le Monde”, entre outros. Ao apoiar jovens músicos, dando oportunidade de acesso ao público, o “Música no Museu” chamou a atenção de entidades voltadas a projectos sociais nos países menos desenvolvidos. Assim é que a James Madison University tem oferecido a cada ano bolsa no valor de 105 mil dólares para jovens músicos das comunidades populares que se tenham destacado nos estudos musicais. O projecto tem uma orquestra de jovens carentes, ligados ao consagrado Uerê (um projecto social, na Favela da Maré, que possui uma forma única de ensino), que actua nas áreas mais pobres do Rio de Janeiro.
Tudo isso sem dinheiro público, aqui ou ali algum apoio, o que mostra que o sector privado é competente e sem excessos. ■