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JOÃO FILIPE PEREIRA
Estamos no mesmo continente e até temos o mesmo fuso horário. Porém, o exercício de comparar Portugal com o Reino Unido torna-se quase hilariante.
Ressalva para lembrar que ao contrário da eleições na Grécia – em que PS, PCP e BE vieram a terreiro gritar vitória (o peixe morre pela boca!) – desta vez parece que a prudência imperou e mesmo o discurso de Passos Coelho atirou mais às sondagens do que às medidas de David Cameron.
O conservador inglês venceu contra todas as sondagens numa votação em que quem tem mais votos nem sempre tem mais “lugares”. O mesmo se passa em Portugal: vota-se em pessoas e não nos partidos. Interessa por isso os círculos eleitorais e não o total nacional. Este sistema faz com que partidos cujos apoiantes estão espalhados pelo país acabem por, regra geral, não conseguir vencer em nenhum círculo específico. Foi o caso do SNP, pela positiva na Escócia, e do UKIP, pela negativa. O UKIP foi o terceiro partido mais votado em todo o Reino Unido, mas não conseguiu um único lugar no parlamento.
As eleições são peculiares em Terras de Sua Majestade e as promessas, tal como em Portugal, ficam muitas vezes por cumprir. Paddy Ashdown, o demissionário líder liberal democrata, prometeu comer o próprio chapéu se o partido tivesse resultados tão maus quanto as sondagens indicavam. Não manteve a palavra.
Já Nicola Sturgeon, do Partido Nacionalista da Escócia, é a primeira-ministra das terras altas. É umas das maiores vencedoras, mas nem sequer era candidata a Westminster.
Também há os “tiriricas” – como o Coelho da Madeira – que continuam a fazer a festa da sua pequenez. O “anarquista” Class War conseguiu cerca de 500 votos em todo o reino. O “satírico” Monster Raving Looney, fundado em 1983 pelo malogrado músico David Stuch, conquistou 3500 votos. Surpresa foi o Yorkshire First que obteve quase 13.000.
Depois, tal como na Taça de Portugal de futebol em que os pequenos surpreendem os grandes, há os casos como de Mhairi Black, 20 anos, é estudante e foi a responsável por derrotar o candidato “trabalhista” Douglas Alexander no círculo eleitoral escocês de Paisley e Renfrewshire South. Conseguiu 23548 votos.
Para terminar esta pequena história, os 100 mil eleitores que votaram num candidato morto (os boletins foram impressos o mês passado e entretanto candidato faleceu). Aconteceu no círculo de Hampstead e Kilburn. Em Portugal parece ter acontecido o mesmo nas últimas eleições Presidenciais.