Um sub-comissário de nome Filipe Macedo Silva atacou cobardemente uma família inteira e colocou em cheque ao mesmo tempo toda uma instituição que deveria ter prestígio na sociedade portuguesa.
Foi em Guimarães, no rescaldo da vitória do Benfica no campeonato de futebol. Infelizmente, este ataque demonstra a que ponto chegou Portugal. Em vez de proteger bens e pessoas, em lugar de se manter à distância e coordenar toda uma operação, um oficial de categoria elevada anda pela rua a interpelar cidadãos e a espancar famílias que vão ao futebol. No mesmo momento, outros selvagens, outros criminosos, roubavam, saqueavam as instalações do clube Vitória de Guimarães.
A função do tal sub-comissário, que deveria coordenar a segurança de todo o recinto, era ter evitado, e no caso de ser impossível evitá-lo, ter acorrido ao local do saque com todos os meios e ter detido os bandidos que o praticaram. Pelo contrário, o comissário Macedo Silva, não só não o evitou como deixou sair de forma pacata e nas calmas todos os meliantes que antes tinham saqueado, queimado e destruído as instalações do estádio do Guimarães, locupletados com o produto do crime nos sacos e mochilas que entretanto roubaram!
Mas o pior não é esta incompetência manifesta, ou a sede de violência de uma qualquer cavalgadura que enverga a farda da PSP. Existe uma sucessão de factos que constituem agravantes do comportamento bárbaro. Em primeiro lugar, nenhum dos seus homens deteve o infractor em face de um crime manifesto; os homens sob o comando do Silva deveriam ter alertado o superior para a ilegalidade dos actos que estava a praticar e, em última análise, deveriam ter dado voz de prisão ao sub-comissário quando este cometeu diversos crimes, como parece ter sido o caso: ofensas corporais graves, sobre pai e avô, abuso da autoridade e finalmente o crime de tortura, quando, já depois de manietado o senhor Magalhães, o polícia, de cabeça perdida, resolve trocar o bastão de borracha por um de aço para afinfar mais umas vergastadas no pobre chefe de família tombado e amarrado no chão.
Finalmente, o polícia ainda cometeu tortura psicológica sobre as crianças que assistiram ao triste espectáculo de pai e avô serem espancados por um homem fardado que descredibilizou a sua farda e o país que representa. Mas seria isto o pior? Não, a senda de ofensas do tal oficial continua. Chega à esquadra e escreve um relatório em que distorce os acontecimentos, cometendo quase certamente o crime de falsas declarações em documento oficial e o crime de prevaricação.
Seria isto o pior? Não, o pior ainda estaria para vir. Apesar de os crimes terem sido filmados, presenciados por forças de autoridade, em flagrante delito, o agente Silva foi para casa pacatamente, não houve um delegado do Ministério Público que o mandasse deter, não existe um inquérito em que, muitos dias depois, suspendesse o descontrolado polícia de funções e parasse o alarme social e o descrédito que paira sobre a polícia e, ridículo dos ridículos, é ainda o tresloucado agente de Guimarães que vai “investigar” o saque das instalações do clube Vitória do qual o próprio é o grande responsável, por inacção e incompetência da sua parte, entretido que estava a espancar famílias.
O pior disto tudo não é nada do que escrevi nas linhas acima. O pior é a PSP ter deixado chegar a uma posição de chefia um homem que, manifestamente, não tem condições para chefiar polícias, mas sim hordas de hunos arruaceiros.
Não existem testes psicológicos? Não existem avaliações sobre controlo da agressividade? Como é possível um homem que, sob pressão, não tem correcção nem compostura e não sabe manter a calma, chefiar um departamento inteiro? Isto é o mais grave. Quantos Macedos Silva existem na polícia portuguesa?
Tal como defendi aqui com unhas e dentes Hugo Elmano, o GNR injustamente condenado pela morte do filho de um ladrão, penso que uma pena exemplar e efectiva, inclusivamente com a prisão, deve ser aplicada a este vândalo, para a lavagem da honra da PSP e do Estado de Direito.