Otto Skorzeny, o James Bond do Terceiro Reich – II

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O resgate de Mussolini

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Em Julho de 1943, Mussolini tinha sido preso pelo general Badoglio a mando do rei de Itália. A Itália preparava-se para entrar na guerra a favor dos aliados. Hitler, temendo que o seu amigo Mussolini fosse capturado pelos aliados, pediu o impossível: uma libertação do primeiro fascista a governar. Foi dito a Hitler que apenas Skorzeny tinha um grupo e estava em condições de actuar por detrás das linhas italianas, agora fora do Eixo, e libertar Benito Mussolini.

O “Duce” tinha sido mudado de posição inúmeras vezes, esteve em diversos portos e ilhas. Nas pesquisas e reconhecimentos sucessivos para localizar Mussolini, Skorzeny chegou a ver o seu avião abatido, tendo conseguido saltar em pára-quedas, fracturando três costelas, o que para o capitão austríaco era nada.

Elaborou-se um plano para atacar La Madalena com barcos rápidos, depois de se descobrir o “Duce” neste porto. Se Skorzeny fosse apanhado, teria de afirmar que agira por sua conta e risco e que tinha forçado os comandantes das lanchas a seguirem-no, isto para não comprometer o governo alemão contra um aliado que formalmente ainda apoiava o Reich.

Vinte e quatro horas antes do ataque, Mussolini foi preso no “Sport Hotel Campo Imperatore”, no Grande Sasso, a 2.000 metros de altura, uma montanha paradisíaca onde mais tarde o Papa João Paulo II fez longas caminhadas nas margens de um lago que ficou para a história. Um novo voo de reconhecimento acabou por detectar Mussolini à janela do seu quarto.

Skorzeny não demorou a agir, a rapidez era essencial. Reuniu um pequeno grupo de homens, sobrevoou o hotel e reconheceu as suas possibilidades. Conseguiu identificar Mussolini e preparou um ataque que os oficiais da força aérea lhe disseram ser impossível: fazer aterrar uma força de comandos em planadores e evacuar o ditador italiano num pequeno Fieseler-Storch, um milagre da engenharia alemã, um avião capaz de voar a uma velocidade muito baixa e aterrar e descolar num pequeno jardim.

O ajudante de Skorzeny, Radl, teve ainda a ideia de levar consigo o general Saleti, pró-nazi (algumas fontes dizem que foi raptado, o que é falso) e muito bem conhecido em Itália, para evitar que os polícias que protegiam Mussolini disparassem.

E assim se fez. Os alemães levaram Saleti e aterraram com 9 planadores num local aparentemente impossível a 2.000 metros de altura e ficando a escassos metros de embater na parede do edifício.

Os alemães ocuparam ainda a estação, na base do monte, do funicular que servia o Hotel. A tropa de Skorzeny com o seu grupo de comandos não superava os 17 homens falando muitos o italiano, sendo os restantes pára-quedistas sob o comando do general Student, que formalmente comandava a operação, embora Hitler tenha dito que a responsabilidade final seria sempre do, na altura, capitão Skorzeny.

Os italianos totalizavam cerca de duzentos homens e Skorzeny dispunha de um total de 81. O planador de Skorzeny foi o primeiro a aterrar. Este saiu a correr do aparelho em direcção ao hotel, onde entrou sem ser detectado, tendo descoberto Mussolini calmamente à janela.

Nem um tiro foi disparado.

Os alemães tinham ordens para fazer fogo apenas se fossem atacados, a surpresa foi total e a presença de Saleti acalmou os ânimos, acabando a missão por ser um sucesso, isto apesar do pessimismo inicial das altas patentes alemãs, incluindo o comandante experimentado dos pára-quedistas alemães, Student, que pensava que o acto de Skorzeny era uma rematada loucura.

Mussolini acabou por ser evacuado no pequeno avião Storch, chamado para aterrar junto do Hotel numa pista limpa de pedras por todos os presentes, incluindo os carabinieri. Skorzeny exigiu partir no avião apesar de este apenas ter dois lugares, o do piloto e do passageiro, pois não queria deixar Mussolini partir sem a sua presença.

A descolagem foi feita com o avião a ser levantado no ar por 12 pára-quedistas, era praticamente um ultra leve; e, depois de o piloto acelerar ao máximo, foi atirado para cima da pista pelos homens, quase se despenhando com a sua carga preciosa nos montes mais abaixo.

Hitler, exultante, recebeu Mussolini alguns dias depois. Mussolini viria a governar de Gargnano a falsa República de Salò, nas margens do Lago de Garda. Skorzeny foi recebido e felicitado por Hitler, e recebeu o título de Cavaleiro da Cruz de Ferro.

Em 1945, a 28 de Abril, na sua fuga para a Suíça, Mussolini e a sua amante Clara Petacci foram mortos por membros da resistência italiana, dois dias antes da morte de Hitler.

Na próxima edição: “O Pós-Guerra”