A candidatura presidencial de Ana Gomes foi usada como pré-campanha eleitoral interna do PS para promover e branquear Pedro Nuno Santos, o sucessor designado de Costa pelo partido invisível dos negócios ruinosos misturados com política. Isto para com Santos continuarem os mesmos vícios e governantes de Costa. Foi uma desilusão ver Gomes, que antes da campanha se dizia contra a corrupção, a usar uma candidatura à Presidência da República para fazer propaganda ao futuro candidato do mais do mesmo no PS desde Sócrates.
Claramente, Ana Gomes e os seus patrões novos Pedro Nuno Santos e Paulo Pedroso – estes dois últimos protagonistas fulcrais do golpe contra a honestidade e reformas de Seguro dentro do PS – conseguiram poucochinhos 13% de votos, com a esquerda humilhada pelo total da direita.
A população de esquerda, que na maioria está próxima do centro, não se revê num grupo (e famílias deles) de esquerda caviar a beneficiarem há décadas de cargos do Estado ou negócios ruinosos que geram a pior injustiça social da UE, enquanto se auto proclamam “sempre ao lado dos injustiçados”. Não serão governo no futuro. Muito por causa dos vícios deles, a direita, incluindo a extrema-direita, terá vida longa no governo no futuro. Estiveram longínquos de obrigar Marcelo a uma segunda volta; apenas tendo 1% a mais que a extrema-direita. Isto apesar de terem a comunicação social quase toda do seu lado, cortesia do partido invisível que lucra com negócios ruinosos para o Estado, como a TAP ou o Hidrogénio, e quer continuar a lucrar com Pedro Nuno, quando Costa cair por já ser tão óbvio para cada vez mais gente, com o passar dos anos, que mente sempre e faz negócios que arruínam Portugal.
O Vira-o-disco e toca o mesmo que fizeram na transição de Costa para Sócrates, pretendem fazer na transição de Costa para Pedro Nuno. Branquear, fingir mudança, manter tudo na mesma no PS e país. A estratégia desta cúpula do PS tem sido sempre a mesma neste século XXI: periodicamente, quando começa a ser demasiado óbvia a podridão ou a pro-corrupção, lavam os vícios mudando de chefe, mas continuam o pântano de que Guterres nos avisou.
Ana Gomes, nesta campanha, não foi parte da solução, mas do problema de termos uma democracia doente, só para cúpulas, cada vez menos democrática e sem nenhum arrependimento. Uma escassa democracia em que nem sequer escolhemos o nosso próprio deputado e vemos o Estado de Direito capturado no topo da justiça pelos procuradores que protegem os políticos de que Gomes se rodeou na campanha. Além de vermos até cargos técnicos por todo o Estado desperdiçados em famílias da cúpula.
Pelo contrário, Gomes continua agarrada aos piores vícios ideológicos do esquerdismo elitista, extremista e fixista que tem dado cada vez mais espaço ao populismo de extrema-direita. Tal como Marisa Matias, em vez de propor que os portugueses possam votar e escolher os seus deputados pessoalmente, quis afastar na secretaria e ilegalizar um dos poucos deputados na Assembleia da República que, mal ou bem, com todos os defeitos, foi escolhido pessoa-
lmente por 70.000 portugueses (e agora Ventura contou com quase meio milhão de votos, na prática unipessoais, goste-se ou não da personagem). Isto sabendo Ana Gomes que, de resto, ninguém, a não ser cúpulas partidárias, escolheram quase todos os outros deputados, que não representam ninguém e em quem ninguém votou nem votaria pessoalmente.
Ana Gomes convive bem com estas decisões de cúpulas partidárias não democráticas que fazem alargar o espaço da extrema-direita devido a uma população revoltada e desesperada. Afinal, Gomes faz parte da tal esquerda caviar bem instalada e hipócrita que vai aos hospitais privados ser atendida com rapidez e eficiência, mas diz aos outros para usarem só os hospitais públicos geridos com a lentidão e ineficiência própria de terem gestores incapazes, nomeados por terem sido da juventude partidária.
A mesma esquerda caviar que vive acima das possibilidades do país, fazendo negócios de milhares de milhões de milhões de euros na energia, como os pouco claros ligados ao Hidrogénio, quando as crianças de Serpa nem sequer têm energia para se aquecerem na escola. A esquerda caviar que em vez de marcas de carros financeiramente prudentes e sintonizadas com a realidade económica do país, gasta em frotas das marcas mais luxuosas alemãs iguais às dos países ricos. A esquerda caviar dos deputados das causas ‘woke’ “progressistas”, das elites dos países ricos, causas cá ainda mais obviamente ultraminoritárias, hiper-“politicamente correctas” e totalmente desligadas das preo-
cupações dos eleitores no Portugal com tantas mais reais e urgentes necessidades que causas importadas doutros contextos.
A cúpula no PS tem sido quase sempre a mesma neste século XXI, excepto durante o breve intervalo onde houve honestidade e integridade com Seguro. Incluiu Paulo Pedroso, que sempre teve excelentes cargos no regime via ligações a Sócrates ou Costa, incluindo recentemente no Banco Mundial e presentemente na Santa Casa e Montepio, apesar de nos tentar iludir que já nada tem a ver com a cúpula do regime.
Por tudo isto, provavelmente, Ana Gomes quer, agora após perder as eleições presidenciais de forma esmagadora, simplesmente e apenas ser o novo e pior João Cravinho. Basicamente, esta analogia significa que, a troco de se silenciar sobre reformas concretas, poderá beneficiar. Gomes poderá desejar apenas obter mais um excelente emprego nacional ou internacional, pré-reforma de luxo se possível, e continuar a promover a família para cargos de nomeação política, se possível cada vez melhores, incluindo no topo dos Ministérios, como aconteceu a Cravinho e ao seu filho ministro.
Se Pedro Nuno Santos e outros socráticos que a apoiam lhe oferecerem isso, talvez nunca mais fale de casos concretos de corrupção, como fez com breve intensidade entre perder o emprego no Parlamento Europeu e tornar-se candidata presidencial. Remeter-se-á ao silêncio sobre corrupção, de novo, como Cravinho se calou sobre corrupção ao obter um emprego internacional de topo para si e ver o filho posto a ministro por Costa. Ao menos, a dada altura, Cravinho teve convicção contra a corrupção nacional e propôs boas medidas para a combater, algo que Gomes nunca fez, preferindo um discurso vago e centrado na corrupção angolana e do futebol, em vez da política.
Aliás, Ana Gomes já não falou da corrupção e vícios profundos antidemocráticos e não representativos do regime, limita-se agora a dizer vagamente que está empenhada em combater os “interesses do bloco-central”. Isto como se nos últimos cinco anos sem bloco central, mas com os apoios das esquerdas radicais, esta direcção do PS não fosse a mais pró-corrupção de sempre, ao serviço dos interesses e ‘lobbies’ mais nefastos e ruinosos ligados a escritórios de advogados que compram deputados e governantes e agora até magistrados de topo, além de estarem, literal e metaforicamente, casados com o governo e recebendo os respectivos contratos e ajustes directos vindos do Estado aos milhões de euros.
Não há o ‘bloco central’ que Ana Gomes diz ser o diabo, mas a cada dia que passa há mais negócios ruinosos como nunca, da TAP ao Hidrogánio/Lítio, e mais nomeações de magistrados coniventes, desde o novo procurador europeu à nova Procuradora-Geral da República, passando pelo novo presidente do Tribunal de Contas. Em vez de ser uma líder real ou moral para impulsionar a reforma de tudo isto, Ana Gomes quis calar, apagar e ilegalizar quem estiver repugnado por tudo isto, dentro e fora do PS. ■