Miguel Mattos ChavesMIGUEL MATTOS CHAVES  

Num tempo em que se deitam fora, em Portugal e na Europa, competências aliadas à experiência deixo-vos um comentário, após o texto seguinte, sobre esta situação.

Este episódio, que tem passado na Internet, é uma homenagem a todos os que têm mais de 45 anos.

Um jovem, que estava a assistir a um jogo de futebol, tomou para si a responsabilidade de explicar a um senhor já maduro, próximo dele, porque era impossível a alguém da velha geração entender esta geração.

Dizia o rapaz: “Vocês cresceram num mundo diferente, um mundo quase primitivo!”

O estudante disse isto alto e bom som de modo a que todos à volta pudessem ouvi-lo.

E prosseguiu: “Nós, os jovens de hoje, crescemos com a Internet, com os telemóveis, a televisão, os aviões a jacto, as viagens espaciais, astronautas na Lua, naves a visitar Marte. Nós temos energia nuclear, carros eléctricos e a hidrogénio, computadores com grande capacidade de processamento e…” – fez uma pausa para beber um gole de cerveja.

O senhor aproveitou o intervalo do gole para interromper a liturgia do estudante na sua ladainha e disse: “Você está certo, meu caro. Nós não tivemos essas coisas quando éramos jovens porque estávamos ocupados em inventá-las. E você, um arrogante dos dias de hoje, o que é que está a fazer para deixar para a próxima geração?”

Foi aplaudido de pé, por todos os circunstantes!

Comentário

Na década de 1980 surgiu nos EUA a moda dos ‘yuppies’ (Young Urban Professionals). Estes caracterizavam-se por ser jovens (dos 20 aos 30 anos) licenciados. Foram chamados ao comando das empresas e todos os que tinham mais de 40 anos foram compulsivamente reformados e dados como inúteis.

Esqueceram-se duas coisas fundamentais:

  1. A experiência, que só os anos trazem, não se aprende nas Universidades. E esta é vital, sobretudo no que se refere à gestão de equipas de trabalho, ao enquadramento profissional que permita um desenvolvimento capaz das novas gerações, e ao evitar de erros graves oriundos da inexperiência normal de quem ainda viveu poucos anos profissionais.
  2. Esta experiência e consequente saber fazer é fundamental para se fazer a transição harmoniosa entre gerações.

Resultado: os americanos são de adoptar modas, mas também se descartam delas com muita facilidade se percebem que estavam errados.

Assim, em 1992, um jovem de 24 anos, procedeu a operações financeiras ruinosas que levaram o Banco Berings à falência. Este Banco era considerado dos bancos mais sólidos e seguros do mundo.

Em resultado do escândalo que esta falência provocou, em seis meses apenas, foram chamados, ao activo, todos os quadros de mais de 45 anos que tinham sido mandados embora.

Desde 1993 que, nos EUA, para se ser director de primeira linha de empresas é necessário ter um mínimo de 15 anos de experiência profissional, após o término da licenciatura (cerca de 40 anos).

Também desde 1993 que, nos EUA, para se ser director executivo de topo ou administrador é necessário ter um mínimo de 20 anos de experiência profissional, após o término da licenciatura; (cerca de 45 anos) e um mínimo de cinco anos como Director de primeira linha.

Para confirmar estes dados, basta consultar ‘sites’ dos Head Hunters de Nova Iorque, Boston, San Francisco, Chicago, Dallas, Houston e outros e ‘sites’ de Universidades: Harvard, Yale, UCCLA, Baltimore.

E em Portugal? A moda chegou nos anos de 1990, como sempre depois de outros. E ainda não foi abandonada!

É notável a incapacidade do nosso empresariado e dos nossos governantes. Não é por mero acaso que em Portugal 95 por cento das empresas são micro ou pequenas empresas. Falta-lhes saber fazer aliado ao saber saber.

Por tal facto, o seu crescimento, por falta de Visão e Competências comprovadas, nunca se dará.

Nas grandes que seguiram a moda já abandonada dos EUA, cujo melhor exemplo é a PT, foi o que se viu.

Apenas uma nota final: nos EUA, “país pobre e atrasado”, menos experiência é igual a oferta de remuneração mais baixa.