NUNO ALVES CAETANO

Os pequenos accionistas do BES – alguns com um investimento de mil euros – são os que mais razão de queixa podem ter em todo este processo, pois foram vítimas de uma burla chamada “aumento de capital”, efectuada a mando do Banco de Portugal.

Desde a “resolução” do Banco Espírito Santo que só se ouve falar dos “lesados do BES”, referindo-se aos investidores de “papel comercial”, muitos deles emigrantes, cuja mobilização e acções de protesto atraíram a comunicação social. Face a tal, e porque os Partidos do (des)Governo são campeões no oportunismo político, independentemente do custo que isso possa representar, desde logo, após assumirem o Poder, que se disponibilizaram para resolver o problema, que nada tem a ver com o Estado Português.

É bom que se esclareça o que significa o “papel comercial” de que tanto se fala, muitas das vezes, erradamente denominado “papel comercial do BES”. O que esses investidores compraram foi “papel” de empresas do Grupo Espírito Santo – Rioforte, BESI, etc. –, quase todas curiosamente sediadas no estrangeiro, “papel” esse adquirido aos balcões do BES, mas não se tratando de algo pertencente ao BES directamente.

Não quero com isto negar a possibilidade de alguns investidores terem sido levados ao engano no produto que estavam a comprar; não disponho de dados para o fazer, nem para o contradizer, contudo parece-me que uma pessoa não faz aplicações financeiras com mínimos de € 50.000,00 (cinquenta mil euros) e múltiplos deste montante (como acontecia em muitos produtos) de forma leviana. Também sei que, infelizmente, nem todos os funcionários são cem por cento correctos e muitas vezes o interesse em atingir objectivos sobrepõe-se à ética e acredito sinceramente que houve quem tenha comprado “gato por lebre”. Mas na verdade estes investidores o que são é lesados da Rioforte, do BESI, etc., tendo como intermediário o BES.

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