Que venha o próximo, Woody!
Com quase meia centena de filmes no seu brilhante portfólio, é natural que desde para aí há já uns 15 anos a esta parte, mais coisa menos coisa, o quase octogenário Woody Allen (parece mentira, sim…), tenha engrenado a sua prolífica produção de um filme por ano numa espécie de piloto-automático (re)criativo, intercalando de vez em quando as suas comédias românticas, mais ou menos amalucadas e outro tanto filosóficas, por algumas inestimáveis pérolas cinematográficas de cariz profundamente dramático – olhe-se, por exemplo, aos memoráveis “Blue Jasmine” (2013) e “Match Point” (2005) –, produções em que ele não costuma ceder nem um só fotograma à comédia, ainda que não deixe de obedecer ao padrão da maior parte daquilo que o identifica junto do espectador, mesmo ao mais desatento, e que é a sua imagem de marca quase desde o começo:
Filmes com genéricos corridos a preto e branco e sempre no mesmo tipo de letra, acompanhados a jazz dos tempos áureos e com as fichas técnicas do costume (mais estrela menos estrela), sempre com uns diálogos de truz e de perder o fôlego, metralhados a um ritmo alucinante e embrulhados em ‘décors’ de um bom gosto irrepreensível e, claro, com umas larachas muito bem apanhadas para apimentar a cena.
É aqui que se encaixa este “Magia ao Luar”, a nova paródia de Woody à magia do abracadabra de sabor oriental e aos videntes de trazer por casa, treze anos depois do mal-amado “A Maldição do Escorpião de Jade”, desta vem sem o próprio a protagonizá-lo mas com a estrela Colin Firth, o qual, contudo, mau grado todo o seu talento e toda a sua categoria, não consegue fazer levitar o filme para lá de uma mediania por demais evidente, nem para longe da Côte d’Azur de encher o olho ou dos magníficos automóveis e do guarda-roupa de antanho.
- Magia ao Luar
- Título original: Magic in the Moonligh
- Realização: Woody Allen
- Com: Colin Firth, Antonia Clarke, Natasha Andrews
- EUA, 2014, 97 min.
- Estreia: 4 de Setembro de 2014