António Costa, o verdadeiro culpado da crise

Ao assumir o poder, António Costa optou por um modelo económico completamente errado, baseado no consumo e no turismo, destruindo o enorme trabalho que o Governo PSD-CDS fez na área das exportações. Agora diz que a culpa da crise é do coronavírus, e a direita não o desmente.

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O desemprego sobe, o PIB afunda, e António Costa culpa o coronavírus. Arranjar bodes expiatórios sempre foi uma ‘arte’ do Partido Socialista, afinal José Sócrates consegue a proeza de colocar a culpa da bancarrota nacional na União Europeia e milhões ainda acreditam nas suas palavras.

Mas este jornal nunca foi enganado. Ainda corria o ano de 2018 quando vaticinou, com base nos estudos económicos europeus, que “Costa vai deixar Portugal como um dos países mais pobres da União Europeia”, ainda não se vislumbrava a pandemia. Agora os números são absolutamente catastróficos, mas Costa recusa-se a assumir responsabilidades. 

A direita, essa, está submissa ao poder. Longe vão os dias em que Fernando Negrão ainda teve a coragem de enfrentar Costa e a máquina política que o apoia, ao perguntar: “Afinal, a bancarrota foi culpa da crise ou resultado de nefastas decisões tomadas pelo Governo a que pertenceu?”. Mas Rui Rio não tem hoje a coragem para fazer a mesma pergunta, apesar de a resposta ser óbvia. Aliás, o líder social-democrata já nem se digna enfrentar Costa quinzenalmente, mas o facto é inegável, Se o vírus nos veio dificultar a vida, apenas foi o rastilho de um barril que as políticas erradas de Costa encheram de pólvora.

Direita formiga, 

esquerda cigarra

Após a bancarrota causada pelo Governo de José Sócrates, o Governo de coligação PSD/CDS — então quase transformado num verdadeiro Governo de salvação nacional — apostou numa política salutar de produção e exportação. Uma política de formiga destinada a gerar divisas e criar emprego.

António Costa e a sua geringonça optaram por uma política de cigarra baseada numa alegre cançoneta de aumentos de ordenados na Função Pública, regresso ao crédito fácil, aposta no turismo e no consumo. “A festa foi bonita, pá”, mas o resultado está à vista para todos. A balança comercial deixou de gerar excedentes de milhares de milhões de euros, e Portugal hoje compra mais 17 mil milhões de euros em bens do que exporta. O sector produtivo foi esquecido, e tem mantido níveis de crescimento anémicos desde que Costa tomou posse. Só agora, na desgraça, é que se lembra de levar uns sapatos portugueses com sola de cortiça para mostrar aos amigos europeus que em Portugal ainda se produz, mas pouco fez para facilitar essa produção. 

Afinal, é só lembrar como a CIP continua a denunciar os erros de Costa, como a opção pelo hidrogénio que vai encarecer a produção industrial, ou o programa de resgate às empresas, que aumenta ainda mais o seu endividamento. São erros atrás de erros, que a direita se recusa a criticar.

E qualquer margem de manobra está gasta, pois o Portugal de António Costa está endividado: são quase 800 mil milhões de dívida que o Estado, empresas e o povo devem. Um obsceno valor quatro vezes superior à economia portuguesa anual. Não admira que este primeiro-ministro se tenha transformado em primeiro-pedinte face à UE, tal foi o desespero por mais uma esmola. 

Quem compra
tem de pagar

Este elevado endividamento foi incentivado pelas políticas de cigarra do Governo de António Costa. Mesmo antes da pandemia já se comprava Mercedes e vendia rolos de papel higiénico em troca, mas os socialistas não se preocupavam muito, o importante era aumentar o consumo para enganar os números do PIB e continuar a canção da propaganda.

O aumento brutal das importações — mais de 50% desde que Pedro Passos Coelho deixou o cargo de primeiro-ministro — deriva do regresso dos maus hábitos anteriores à bancarrota nacional. O endividamento das famílias atingiu níveis nunca vistos, enquanto o Banco de Portugal lança alerta atrás de alerta sobre as poupanças: desde que Costa tomou posse que sai mais dinheiro das contas bancárias do que entra. Hoje a taxa de poupança caiu abaixo dos 7 por cento, enquanto que no início do século era 14 por cento. O Banco de Portugal avisa que é o valor mais baixo desde que há registos, mas o Governou ignorou os alertas. 

Um terço das famílias portuguesas não tem qualquer fundo de emergência, e só está a sobreviver à crise devido às medidas provisórias que, no entanto, estão a terminar devido à situação perigosa das contas públicas. 

Anemia e tragédia

Os técnicos da União Europeia já tinham avisado em 2018 que Portugal se mantinha uma economia anémica, a quinta economia mais vagarosa da Europa. Em 2019 o cenário de anemia agravou-se, e a OCDE declarou, desmentindo a propaganda positiva do Governo, que “seria um erro considerar que o crescimento baixo se deve a factores temporários que podem ser resolvidos com políticas monetárias e orçamentais: os problemas são estruturais”.

A OCDE notava também que “sem uma coordenação no comércio e na fiscalidade, um rumo claro para a política de transição energética, a incerteza continuará a ser muito grande e a afectar as perspectivas de crescimento”. Desde então, António Costa nada fez.

Desde que Costa se instalou no palacete de São Bento à frente do Governo socialista, o Produto Interno Bruto só cresceu 12 por cento. Caso as piores previsões para a recessão se venham a tornar realidade, até mesmo o pouquíssimo trabalho económico que Costa e companhia fizeram em cinco anos vai ser eliminado em meros meses. Claramente, uma economia que não estava preparada para a crise que enfrenta.

Entretanto, outros países afectados do Leste europeu têm previsões de recessão muito inferiores às nossas, e valores previstos de recuperação mais elevados. No fim, a previsão para a qual este jornal alertou está perto de se tornar realidade: Portugal será um dos países mais pobres da Europa.

Passaram agora nove anos desde que Sócrates declarou a bancarrota. Os rendimentos das famílias nunca recuperaram, e a nossa economia ameaça voltar aos níveis desse fatídico ano. Toda o trabalho de recuperação feito pelo Governo da coligação de direita está agora condenado por cinco anos de má gestão socialista.

Nas ruas, conforme os ‘layoffs’ terminam, as parcas poupanças acabam, os recibos verdes mais uma vez são deixados ao abandono e o desemprego aumenta. Vivem agora da caridade pessoas que já foram de classe média. Pobres, endividados e arruinados, é este o legado de António Costa. Convinha que Rui Rio começasse a dizê-lo. ■