A “ambição europeia” de António Costa

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O primeiro-ministro português trabalha nesta fase para ganhar prestígio como “arquitecto de soluções” na Comissão, no Conselho e no Parlamento Europeu. A sua primeira jogada é alargar o conceito de geringonça à dimensão comunitária e a um espectro ideológico envolvendo não apenas a esquerda mas também os liberais e o centro.

Aimprensa internacional (e, por arrasto, a nacional) tem referido com frequência as “potencialidades europeias” do líder socialista português António Costa. O “sucesso” formal da geringonça, o seu crescente à-vontade nas reuniões europeias e o “charme politicamente correcto” das suas origens étnicas são factores que têm contribuído para a construção mediática dessa hipótese. Não ter uma ideia própria e falar um Inglês macarrónico não são obstáculos de monta a uma carreira internacional, como se vê pelo caso de Mário Centeno e já se tinha visto pelo caso de António Guterres.

Durante a última campanha eleitoral, o eurodeputado Nuno Melo chegou a referir-se à possibilidade de o primeiro-ministro, acossado por más perspectivas em Portugal, estar à procura de uma “fuga para a frente” na União Europeia: “O dr. António Costa agora quer ir embora e sonha com um destino algures próximo de Bruxelas”, disse Melo, acrescentando com reticências: “Por alguma razão será”. Mas depressa teve de abandonar o remoque, pois o vento das sondagens começou a soprar de feição para o PS e, para o final da campanha, era já óbvio que Costa obteria uma vitória doméstica de algum peso.

A hipótese de um “Costa europeu” ganhou alento em Sibiu, na Roménia, no início de Maio, quando o líder socialista português andou a roçar ombros com a fina flor dos 27 da União Europeia, que ali se reuniram para pretensamente discutirem a “agenda estratégica” para os próximos cinco anos.

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