A tragédia da governação socialista

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No meio das novidades que surgem diariamente como resultado da comissão de inquérito à TAP, parece estar a ser esquecido pela comunicação social e pela opinião pública que, entre os rotulados de mentir e de falar verdade, todos mostram uma enorme impreparação para os cargos que exercem e que todos são parte da bagunça existente e que todos eles foram escolhidos pelo primeiro-ministro e pelo PS para governar Portugal.

Acresce que a má governação do país não se resume à TAP, mas está presente nas mais diversas áreas do Estado, sectores que são determinantes no presente e no futuro dos portugueses. Vejamos alguns exemplos:

Economia – o suposto sucesso da economia portuguesa esconde o essencial, de que o crescimento das exportações tem como razão as empresas de sectores criados durante a adesão à EFTA, há muitos anos, como do Pedip/AutoEuropa nos tempos de Cavaco Silva: calçado, confecção, têxtil, metalomecânica, moldes, plásticos e acessórios do automóvel. Pior, o actual crescimento da economia tem a sua principal origem no turismo, que sabemos é um sector de grande instabilidade e que muito contribui para os baixos salários e para a baixa produtividade da economia portuguesa. Além da ausência de investimento do Orçamento do Estado e apesar do chuveiro de fundos europeus.

Políticas sociais – não são mais do que um tapa buracos resultantes do baixo investimento nacional e internacional, dos baixos salários, da baixa produtividade da economia e da enorme dívida do Estado que foi criada pelos governos do PS. Pior, os critérios de distribuição dos apoios sociais têm como objectivo principal a obtenção do voto no PS dos sectores do funcionalismo público e dos reformados, apoios possíveis à custa de serem batidos sucessivos recordes na receita dos impostos, que é um factor relevante da riqueza do Estado e da pobreza da economia e dos portugueses em geral.

Justiça e corrupção – os casos de corrupção no Estado sucedem-se, nomeadamente nas autarquias, como em sectores conhecidos como o futebol e os fundos europeus, sem que a Justiça tenha os recursos necessários para julgar os acusados e cuja fila de espera cresce há, pelo menos, vinte anos. Ou seja, a impunidade quase geral permitida à corrupção é uma causa segura do enfraquecimento da democracia. Outras causas existem, como seja a recusa de rever as leis eleitorais que permitem a existência de deputados que não representam a vontade dos eleitores, os quais apenas podem votar nos partidos que, por sua vez, estão na origem do sucesso da corrupção.

Ferrovia – a TAP é apenas uma das disfunções do ministério da Infra-estruturas, a ferrovia, o aeroporto, o Metro de Lisboa são algumas outras. A ferrovia é a mais importante, porque a política do Governo de por razões inacreditáveis na Europa, de fuga à concorrência e de manutenção dos monopólios permitidos pela bitola ibérica, compromete por muitos anos as exportações da indústria portuguesa, ao fazer depender essas exportações da logística espanhola, nossos principais concorrentes. O aeroporto é um nado morto e a Linha Circular do Metro, cujos custos extra batem recordes, é uma inutilidade há muito reconhecida.

Saúde – apesar do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ter excelentes profissionais, a organização dos serviços é um buraco negro de burocracia, de mudanças sistemáticas, de falta de médicos e da confusão generalizada ao acesso, onde as urgências hospitalares são o principal problema. Não há médico de família para mais de um milhão de portugueses e como resultado as instituições de saúde privadas e os seguros de saúde crescem, existindo uma saúde diferente para as classes de maiores rendimentos e outra para os pobres. Evocar a igualdade prevista na Constituição é mera hipocrisia.

Educação – o facilitismo existente no ensino público, a desorganização e a burocracia do sistema, o centralismo organizativo, o privilégio do ensino superior relativamente às creches e ao pré-escolar, as sucessivas greves e a instabilidade na colocação dos professores estão a destruir a qualidade do ensino em Portugal e a manter níveis elevados de pobreza e de ignorância na sociedade e nos locais de trabalho. Os resultados que nos chegam das organizações internacionais são a prova disso mesmo.

Democracia – as leis eleitorais que impedem a escolha dos deputados pelos cidadãos eleitores, que apenas podem votar nos partidos, é a razão da ausência de participação democrática dos portugueses, nomeadamente nas diferentes eleições, bem como o assalto ao poder da grande família socialista em todos os empregos do Estado, das empresas públicas e o resultante enfraquecimento das instituições da sociedade, o que criou as condições ideais para o crescente autoritarismo das decisões políticas. Por outro lado, o amiguismo que resulta das relações criadas entre os membros da grande família socialista impede a transparência e esconde dos portugueses os erros e as disfunções resultantes da impreparação política e profissional de governantes, autarcas e da generalidade dos cargos públicos. O caso recente do SIS é um bom exemplo do amiguismo partidário que domina o Estado.

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Em resumo, já passaram sete anos de governos socialistas de António Costa, que empobreceram Portugal e os portugueses no contexto da União Europeia, depois de outros seis anos do desastre que foi a governação socialista de José Sócrates, que acabou no pedido de ajuda externa. Ou seja, o PS da resistência ao anterior regime, da luta pela liberdade depois do 25 de Abril, da descolonização e da adesão ao que é hoje a União Europeia, nada tem a ver com o PS autocrático de hoje, corruptor e utilizador do Estado a favor da grande família socialista que detém o poder absoluto na má governação do país.