Da hipocrisia socialista

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No fim-de-semana passado, duas pessoas que já exerceram serviço público, manifestaram-se acerca do estado das coisas que a coisa socialista nos deu, dá e continuará a dar. Essas duas pessoas foram Cavaco Silva, que discursou no encerramento do Encontro Nacional de Autarcas Social-Democratas, e António Barreto, que na sua habitual coluna de opinião no “Público” (Grande Angular), publicou um artigo intitulado “Uma República de Garotos”.

Entre outras coisas, Cavaco Silva afirmou que o “Governo socialista é especialista na mentira e na propaganda política. Ainda se pode acreditar em quem passa os dias a mentir? Não surpreende que o Governo socialista governe o país desta maneira. Considera que o importante é ter uma boa central de propaganda. O objectivo é desinformar, condicionar os jornalistas, iludir e anestesiar os cidadãos” e que as circunstâncias que vivenciamos resultam “das políticas erradas do Governo, da sua desarticulação e desnorte, da falta de rumo e da falta de visão estratégica”, sendo “o resultado de um primeiro-ministro que perdeu a autoridade e que não desempenha as competências que a Constituição lhe atribui”.

Por sua vez, António Barreto expressou que podemos ter duas certezas. Primeiro que nos intervenientes do caso TAP há malfeitores, faltando saber se “são todos ou só alguns”, e também há mentirosos, faltando saber se “são todos ou só alguns”, sendo que entre os envolvidos estão “titulares de cargos públicos, altos funcionários do Estado e altíssimos responsáveis da administração pública, universo este que pode incluir um primeiro-ministro, vários ministros e ex-ministros, diversos secretários de Estado e ex-secretários de Estado, chefes de gabinete, adjuntos, assessores, auditores jurídicos e administradores de empresas públicas”. Perante isto, António Barreto disse que estávamos perante uma república de garotos, cuja moral é superior à dos demais concidadãos e perguntou como “é possível que alguns ministros capazes, alguns governantes decentes, alguns altos funcionários competentes, alguns deputados honestos e alguns profissionais honrados se deixem enlamear por estes garotos?”.

Já várias vezes expressei que penso que Pedro Nuno Santos e João Galamba estão mais próximos ideologicamente do BE e do PCP do que do PS. Não agem como socialistas. Estão no PS apenas por ser a via mais rápida para o poder. Nada surpreendente. Estamos a referir produtos de José Sócrates, esse mítico novo homem político, protótipo do herói socialista moderno, que perante o abismo não hesitou em afundar-nos.

Os socialistas referenciam Mário Soares apesar de o terem proscrito, mas não mencionam José Sócrates, dos quais são, na sua maioria, acólitos e fervorosos praticantes da sua doutrina. Algum socialista rasgou as vestes em angústia pela gestão danosa do Sócrates?

Dito isto, qual é a diferença entre as críticas de António Barreto e de Cavaco Silva?

Nenhuma. Ambas são descrições contundentes da realidade da coisa socialista e da degradação do estado social em Portugal. Para além do emissor, a diferença está na reacção. Enquanto os socialistas reagiram ruidosamente ao que foi dito por Cavaco Silva, pondo em prática as habituais narrativas da distracção sem conseguir refutar nada do conteúdo e substância do discurso, ficaram silenciosos sobre as palavras de António Barreto, acabando por confirmar a veracidade das mesmas.

A resposta à interrogação de António Barreto é muito simples. Quem manda nos garotos é pior do que eles. Quem foi o número dois de Sócrates? Quem foi que apunhalou António José Seguro nas costas?

É fundamental relembrar que o PS apoiou esta traição. Isso tem significado. E é bom não esquecer que foi António Costa que pôs estes garotos no Governo.