Amor-ódio do PS pelo Chega

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A maioria dos políticos e comentadores políticos portugueses adora bater nos fracos e rastejar perante poderosos. É devido a essa sua natureza que chegam às listas de deputados, ao Governo ou às chefias de órgãos de comunicação social apoiados pelo Estado. São exímios em bajular o líder político que os nomear para as listas ou lhes doar dinheiro dos contribuintes. O sistema português, sem escolha directa de deputados e ministros pela população, promove mais as anémonas do mar subservientes do que as leoas corajosas. Governantes sem esqueleto, uma vez no poder também promovem aqueles que lhes sejam iguais a nível psicológico na comunicação social e em todo o lado onde caiam fundos do Estado. Se o PS manda falar só no Chega e não nos problemas de Portugal é isso mesmo que todos fazem. O PS adora pôr todos os seus acólitos a falarem só no Chega, fingindo que o odeia muito. Isto quando, na realidade, é um pretexto pelo qual se apaixonou para não ter de falar de mais nada, especialmente os muitos problemas criados pelos cinco governos do PS no século XXI. 

“Força Costa, tens aqui a tua gente” é o que parece quererem dizer inúmeros jornalistas e comentadores políticos que só falam no Chega e não nos enormes problemas que a governação socialista tem causado e continuará a causar se ninguém falar deles, como os aumentos imparáveis no preço da energia para os consumidores e dos juros da dívida pública para os contribuintes, enfraquecendo serviços públicos. 

A obsessão mediática em culpabilizar o Chega – que, apesar dos defeitos bem conhecidos, teve apenas 7% e é um partido com um grupo parlamentar recém-chegado – como único responsável pelos pecados todos acumulados da nação acontece porque o poderoso PS teve quase 42% de votos e manda há muito, com ainda mais defeitos e vícios acumulados. Claro que na comunicação social invocam muitos pretextos morais para falarem só nos defeitos do Chega e nunca dos do PS. Isto porque não lhes ficaria bem admitir: “Só vamos falar do Chega, não falamos do preço da electricidade ou dos combustíveis, porque o PS é o nosso amo e agora interessa-lhe mais falar do Chega do que nisso”. Também nunca admitiram que nem pensar em criticar o PS numa imprensa falida e dependente dos socialistas ou dos negócios ruinosos de que eles vivem. 

O socialismo é uma poderosíssima central de negócios de redistribuição do dinheiro dos contribuintes, perante a qual muita gente rasteja ou corteja de bandeja na mão. O PS mandou toda a sua gente – que é muita e em todo o lado, especialmente nos jornais e TV – falar só no Chega. Isto porque ao PS não interessa falar no aumento dos juros da dívida que gerou e não pagou devido a negócios como a TAP ou o Novo Banco – que agora nos vão retirar mais milhares de milhões de euros por ano –, nem nos aumentos em espiral do preço da energia, em parte devido aos péssimos negócios socialistas na área, como o encerramento das centrais de carvão ou as despesas bilionárias em eólicas que só produzem 3% da nossa energia. Agora, com a “bazuca” de esmolas europeias, vem aí mais outra oportunidade para desperdiçar em negócios bilionários em lítio e hidrogénio, para produzir 1% da energia, ou nem isso. Por isso, para o PS e sua gente, melhor que falar nos preços de energia ou na captura da Justiça, para possibilitar precisamente tais negócios ruinosos, é falar no Chega.

É um espectáculo degradante para a nossa democracia ver tanta gente que não pergunta nem escrutina nada ao PS, de repente, valente e a bater tanto, por exemplo, numa jovem deputada do Chega, como se ela fosse a única nomeada por nepotismo e uma velha malvada responsável por todo o mal e pobreza moral e económica acumulada que há em Portugal. Isto enquanto para eles, aparentemente, Costa é um jovem inocente, acabado de chegar, que nomeia deputados e governantes por mérito em vez de nepotismo, que nunca tem tido o poder socrático imenso no país desde meado dos anos 90s, quando a deputada do Chega nem era nascida. 

Como já dizia o historiador clássico Tucídides sobre a invasão de Atenas contra a pequena ilha de Melos, “os fortes fazem o que querem e os fracos sofrem o que devem”. Isto porque a verdadeira razão da invasão baseava-se na enorme força da armada de Atenas, mas os Atenienses não se cansaram de arranjar pretextos morais para executarem todos os homens em Melos e escravizarem todas as mulheres e crianças. Por isso vemos esses jornalistas e comentadores, muito valentões e agressivos, com o peito muito cheio, contra essa jovem deputada, culpando-a de todos os males de Portugal e até do mundo. Em grande contraste, tais jornalistas e comentadores são mansinhos como cordeiros tenros em relação a figurões como Costa, Santos Silva, Edite Estrela ou Eduardo Cabrita, que já mandam nisto tudo desde o princípio dos anos 1990s.  

O PS, relembremos, a dada altura até apareceu na “wikipedia” como o único exemplo de um governo europeu ainda baseado em famílias, como na Idade Média. Se o PS – rei incontestável da cunha, das ligações aos negócios estranhos e do nepotismo do líder na escolha de deputados – mandar falar só destes problemas no Chega não se fala de outra coisa, mas nunca no PS. Costa nunca alugou uma “penthouse” na Avenida da Liberdade a preço de amigo – dos negócios de casinos – e Medina nunca comprou a única casa que se desvalorizou nas Avenidas Novas a uma construtora famosa. Não, coisas dessas só se passam no Chega e não no PS, pois, para a nossa comunicação social, aí há só gente dura, pura e muito moral. Até parece que no PS nomeiam por mérito em vez de fazerem comícios inteiros com o Pedro Nuno Santos a gritar raivoso e como um radical de esquerda alucinado do século XIX contra a meritocracia. No entanto, quem na nossa imprensa se atreve a criticar Pedro Nuno, que pode ser o próximo poderoso primeiro-ministro socrático a ter a terceira maioria absoluta do PS desde que Sócrates iniciou a moda e preparou os discípulos? Muito poucos, porque é muito mais fácil bater em jovens deputadas do Chega, mereçam elas ou não. Grandes valentes neste cordão sanitário imenso de protecção à corrupção e destruição da economia feita pelo socialismo. 

Curiosamente, nunca vimos estes subitamente grandes pregadores de valores morais na comunicação social aplicar os mesmos critérios, por exemplo, contra o nepotismo ou contra ligações de negócios ao PS, denunciando-os com a mesma tamanha veemência e insistência.  

O Partido Socialista e a sua comunicação social, em vez de reflectirem e se abrirem aos problemas reais da sociedade, pelo primeiro criados e pela segunda escondidos, preferem continuar a atirar areia para os olhos, só falando de tudo menos do que é essencial, neste caso do Chega. O Chega pode e tem, certamente, muitos defeitos, mas nunca governou Portugal nem nunca teve duas maiorias absolutas. 

Qualquer detective investigador, um mero aprendiz de Sherlock Holmes minimamente competente, que aterrasse em Portugal para investigar porque é que somos tão pobres, tão mal pagos, tão taxados, tão endividados e temos tantos concidadãos emigrados, não começaria, de certo, as suas investigações e deduções por um partido minoritário que nunca governou e que acabou pela primeira vez de conseguir um grupo parlamentar. Começaria, obviamente, pelo partido maioritário que quase sempre nos governou. “Elementar”, diria o companheiro de Sherlock, o dr. Watson. Não, contrapõe a nossa imprensa de falsa investigação, quem tem a culpa de tudo, para eles, é um pequeno partido recém-criado, por ser malcriado contra o PS. ■