Pode ser que uma mulher aos guinchos, de lábios pintados a cinzento, chinelas de porteira e cabelo armado em penas de galinha espetadas, com a lábia de um feirante e a subtileza de uma varina, rodeada por uma corte de larilas e uma panóplia de inutilidades de encher o olho – seja, para muita gente, a anfitriã televisiva ideal. O certo é que foi a casa dos horrores desta criatura, sabe-se lá por que bulas, que o presidente Marcelo Selfie Rebelo Afectos de Sousa e o primeiro-ministro António Malabarismos Costa escolheram para pôr o pezinho no mundo do “cor-de-rosa”.
Marcelo tinha obrigação de ser mais exigente, pois nos tempos em que debutou, fidalgote do regime de então, o “social” era um tudo-nada menos piroso, ainda que mais bafiento; e Costa, apesar de já ser fidalgote do pós-Abril, anda por aí há tempo suficiente para saber melhor. Mas quem sou eu para lhes dar conselhos? Em matéria de populismo, teatro e propaganda, Costa&Marcelo são do melhor que há: se quiseram ir à casa dos horrores, eles lá sabem porquê.
Não escondo que senti vergonha por eles.
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