Henrique Neto arrasa Medina

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Vamos em breve ter eleições autárquicas, que em Lisboa se revestem da maior importância e onde os cidadãos lisboetas têm a oportunidade de fazer uma escolha honesta e inteligente votando em Carlos Moedas. As razões são muitas e desde logo porque Carlos Moedas tem uma experiência e uma qualidade profissional e de vida que Fernando Medina, o típico político saído das juventudes partidárias, não tem. De facto, nunca fez nada na vida digno de registo.

Além disso, Fernando Medina já mostrou o que vale durante os últimos quatro anos, não deixando dúvidas a ninguém. É alguém que sempre viveu da política e que faz da política aquilo que muitos políticos sabem fazer bem, mostrar preocupação com os pobres, os idosos, os sem-abrigo e, ao mesmo tempo, favorecer por todos os meios os grandes interesses do imobiliário da cidade, ou seja, mentir. Para isso tem usado o arquitecto Manuel Salgado e já sabemos que o subcontrato que fez da gestão autárquica é para continuar, apesar das questões ainda não resolvidas com a Justiça. Mas vejamos alguns exemplos da acção, digamos inacção, de Fernando Medina na autarquia.

Mentiu sobre a habitação que disse iria criar em Lisboa para as famílias e para os jovens, ficando-se pela metade da promessa. E não fez o que prometeu devido à existência de obstáculos insuperáveis, mas por desleixo, desinteresse e porque andou atarefado nos negócios do centro imobiliário da cidade. Daí que existam prédios a cair com enormes letreiros a prometer casas, mas que são apenas o modo tradicional de fazer propaganda pessoal à custa dos contribuintes. A Feira Popular e o Museu dos Descobrimentos também ficaram na gaveta.

É verdade que Lisboa assistiu a um enorme progresso na recuperação de centenas de prédios no seu centro histórico e um pouco por toda a cidade, mas isso foi obra das leis herdadas do Governo do PSD, que fizeram funcionar o mercado, e de muitos investidores privados que aproveitaram essa oportunidade. Fernando Medina limitou-se a tentar servir interesses ilegítimos em projectos absurdos pela sua dimensão, como a sede da EDP, o prédio da Fontes Pereira de Melo – penso que a contas com a Justiça – ou os projectos existentes para o Largo do Rato ou para a avenida Almirante Reis, monstruosidades contestadas por quase toda a gente. Já não falo das obras demenciais da segunda circular.

A Linha Circular do Metro é outro exemplo de mau serviço prestado aos lisboetas pelo arquitecto Manuel Salgado, mas um bom serviço destinado aos grandes interesses imobiliários do centro de Lisboa, em que o argumento de retirar os carros da cidade se traduz numa outra mentira oficial. De facto, trata-se dos carros que já dormem na cidade há muito e não são os carros que chegam diariamente de Vila Franca, Loures, Amadora ou Oeiras que, esses sim, deveriam ter parques de estacionamento na periferia e ligação ao Metro para as pessoas chegarem ao centro. Entretanto, nada foi feito para o Metro chegar a Alcântara, ligando os passageiros do comboio de Cascais à parte alta da cidade e evitando a previsível concentração desnecessária na estação do Cais do Sodré. Ou a ligação a Campo de Ourique, Miraflores e daí a Oeiras. As políticas ambientais de Fernando Medina ficam-se pelas bicicletas e por complicar mais o já complicado trânsito da cidade, não apenas para os automóveis, mas também para os transportes públicos. Não é o uso excessivo dos automóveis na cidade com a poluição resultante que preocupam Medina, mas a submissão a uma falsa modernidade ambiental feita de palavras e de um certo folclore político.

Fernando Medina já prometeu acabar com novas autorizações para o arrendamento de curta duração, que tanto fez pelo turismo da cidade no passado recente, para autorizar, em sua substituição, novos empreendimentos hoteleiros. Ou seja, em vez de permitir algum rendimento às famílias com casas disponíveis, Fernando Medina opta por mais hotéis das grandes cadeias nacionais e internacionais, sendo essa a sua visão de política social. 

A propósito, tenho alguma experiência da vida na Irlanda, onde tenho uma filha, e conheço a importância social da enorme rede de “bed and breakfast”, que domina todo o turismo irlandês, sem praticamente existirem grandes hotéis. São milhares de famílias que chegando à situação de reformados e tendo os filhos saído de casa, têm um rendimento adicional ao que recebem da reforma, através do aluguer dos quartos vagos das suas casas. Isto é boa economia e verdadeira política social, não os hotéis que Fernando Medina favorece e que, a propósito, contribuem para a redução da produtividade do trabalho nacional devido aos baixos salários praticados.

Como tem acontecido no PS e no Governo, Fernando Medina desvalorizou o processo democrático e a transparência democrática, nomeadamente na Assembleia Municipal, que é hoje uma sombra do tempo em que foi dirigida por Helena Roseta. Assembleia transformada numa correia de transmissão da direcção autárquica do PS e dos ajudantes da esquerda que se revezam na função. O que se traduz no aumento da obscuridade nos processos de investimento imobiliário, agora não escrutinados, e que são a ementa favorita para a corrupção na burocracia das aprovações, agora sujeitas à investigação da Procuradoria Geral da República.

Neste plano da corrupção a autarquia de Lisboa precisa de uma grande limpeza e Carlos Moedas é a pessoa indicada para levar a cabo essa tarefa, a qual passa pela montagem de uma organização que simultaneamente valorize a contribuição dos funcionários da autarquia no combate à burocracia, melhore a produtividade através de mais e melhores tecnologias e torne transparentes todas as decisões dos dirigentes e das autorizações para novos projectos.

Uma nova gestão autárquica tem de reduzir drasticamente as compras por ajuste directo, que sabemos são o encanto e o pão para a boca das pequenas empresas organizadas com familiares da grande família socialista um pouco por todo o País. Igualmente, à Assembleia Municipal tem de ver restituída a liberdade fiscalizadora dos actos dos dirigentes autárquicos e ser um centro de debate sobre as grandes opções estratégicas da autarquia.

Nenhuma outra capital tem as condições para ser uma metrópole com a capacidade de atracção de Lisboa. O grande estuário do Tejo deve constituir uma razão para a existência de uma forte ligação entre todos os concelhos ribeirinhos, numa grande plataforma de serviços: turismo, paquetes com turistas, conferências e congressos internacionais, universidades e outros centros de saber, marinha de recreio e manutenção desses barcos, museus, teatros, exposições e organizações culturais. Uma cidade constituída por vários concelhos ligados pelas águas do Tejo e por transportes modernos em que o Metro deve ser, sob todos os pontos de vista, o elemento principal. Carlos Moedas tem a formação, a experiência e a vontade de tornar Lisboa numa grande metrópole Atlântica, no contexto da Europa e do Ocidente. 

Em resumo, Carlos Moedas representa a oportunidade de dotar Lisboa com uma nova visão estratégica, que o burocrata Fernando Medina nunca lhe poderá dar. ■