O Presidente da República está a aplicar a regra de amor com amor se paga. Marcelo disse publicamente que o PM não o tinha informado previamente das alterações que iam ser feitas no topo da hierarquia da Saúde. Quando conheceu o documento fez questão de vir dizer que o Governo “o tinha alterado para acolher a maioria dos problemas que nele encontrava”.
Mas o divórcio não fica por aqui. O Presidente anda a pressionar o Governo para antecipar “visão” para 2023.
Marcelo Rebelo de Sousa reitera que é “muito importante para que os portugueses percebam que, quando o Governo diz que não pode ir mais longe agora, é porque o que vem aí é mau”.
O Governo “talvez ganhasse em explicar aos portugueses que visão tem para 2023”, bem como as previsões macroeconómicas para o próximo ano, afirmou o Presidente da República, em declarações citadas pelo “Observador” e “Expresso”.
Costa justifica-se
Tendo em conta que ainda faltam duas semanas para a entrega do Orçamento do Estado, o Governo tem de entregar a proposta de Orçamento no Parlamento no dia 10 de Outubro, altura em que é divulgado o cenário macroeconómico, o Presidente considera que “o Governo tem de dizer ao país” como espera que vão evoluir indicadores como o crescimento, o emprego, o turismo e o consumo no ano que vem.
Estas explicações, defende, são importantes para as pessoas perceberem as medidas de apoio para fazer face à inflação, já que “neste intervalo, que são duas semanas, isso faz com que muita gente diga: ‘Não percebemos porque não dá mais porque não percebemos o futuro’”. Para Marcelo, quando o “Governo diz que não pode ir mais longe agora, é porque o que vem aí é mau”.
esentou nas últimas duas semanas um plano de apoio às famílias, que avaliou em 2,4 mil milhões de euros, mas incluindo mil milhões de pagamento antecipado de pensões, e um plano para as empresas de 1,4 mil milhões de euros, dos quais 720 milhões são linhas de crédito.
Relações com o PSD
A nova postura do PR não se prende apenas com a falta de lealdade do António Costa para com o PR.
Marcelo Rebelo de Sousa tem agora no seu partido de origem, o PSD, uma liderança muito diferente da de Rui Rio.
O PR nunca “perdoou” a Rui Rio, seu secretário-geral quando era líder dos sociais-democratas, que este resolvesse uma polémica campanha de refiliação. Mas pior do que isso.
Rui Rio pura e simplesmente começou a rejeitar os tradicionais donativos ao partido, por via de afirmar que só os aceitava se pudesse passar recibo.
Quando utilizou esta metodologia com um “doador” de cinquenta “contos”, que naturalmente não queria ser conhecido, Marcelo percebeu que era esta a gota de água.
Em suma, tinha que demitir Rui Rio do cargo de secretário-geral, sob pena deste rebentar com as contas do partido.
Consulado de
Montenegro
Passado o “terror” de Rui Rio na São Caetano à Lapa, hoje Marcelo tem no PSD Luís Montenegro, que está a fazer uma verdadeira oposição ao Governo.
O diálogo com o novo líder do PSD começou a fluir de outra maneira. Marcelo não se sente na obrigação de “segurar” António Costa face a uma “inexistência” de uma oposição credível. Rui Rio esteve sempre colado a António Costa e todos sentiam que a sua grande ambição era vir a ser vice-primeiro-ministro.
Hoje, Marcelo está no seu segundo e último mandato e tem um líder no PSD que faz uma oposição credível. Ou seja, está de mãos livres para não permitir as brincadeiras de mau gosto com que António Costa se deleitou nos últimos anos. ■