Populismo e Democracia

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Num tempo em que se fala muito de populismo e em que a esquerda portuguesa, como a de outros países, justifica os males do mundo com exemplos de governos a que chamam populistas – Estados Unidos, Brasil, Itália, Hungria e Polónia – talvez valha a pena ler o que escrevi nas moções “Portugal Primeiro” e “ Pensar Portugal”, que apresentámos, há vinte anos, aos XII e XIII congressos do Partido Socialista que se realizaram na Expo e no Coliseu de Lisboa. As referidas moções foram subscritas, além de mim, pelo Arquitecto Pereira da Silva e pelo Dr. Carlos André.

Escrevemos então:

“Os erros de governação do PS, nomeadamente a prática de permanente apaziguamento com os interesses e as reivindi- cações dos grupos sociais mais favorecidos e poderosos, o afastamento da tradição de ética política e cívica de republicanos e socialistas, bem como a ausência de debate e de pesquisa de novas vias de a rmação do socialismo, conduziram o PS e a esquerda em geral, para uma inaceitável posição defensiva, em Portugal e na Europa, onde a Internacional Socialista e o PS não têm estado à altura das suas responsabilidades e das oportunidades que os actuais tempos de mudança propiciam e reclamam.”

“Em concreto, a Internacional Socialista, como o PS em Portugal, são hoje instituições essencialmente burocráticas, destinadas a defender as personalidades que as constituem e dirigem, não apresentando ideias, convicções, ou mesmo respostas adequadas para vencer a hegemonia dos interesses económicos e nanceiros, nacionais e internacionais, em conivên- cia, muitas vezes, com os sectores mais retrógrados e oportunistas da sociedade, que se organizam sob a capa política dos partidos da direita e que abrem caminho ao populismo demagógico da extrema direita autoritária e racista.”

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