Descendentes de D. João VI seriam monarcas em Portugal, Brasil e França

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A causa monárquica sobrevive nos países que outrora tiveram o regime e hoje são repúblicas, numa elite culta e com simpatias nas classes médias e até populares. No Brasil, a família imperial, embora de vida muito discreta, é alvo de manifestações de apreço e carinho, muito ainda por conta da Princesa Isabel, denominada Redentora, por ter assinado o acto de libertação dos escravos. A este gesto é atribuída a queda da monarquia, um ano depois, pelo sentimento de perda dos grandes proprietários rurais da época.

A narrativa da Condessa de Paris, Isabel de Orleães e Bragança, no seu livro, foi lembrada num encontro monárquico no Rio de Janeiro. A condessa era irmã da Princesa Francisca, que se casou com D. Duarte Nuno, pai do actual Chefe da Casa Real portuguesa, D. Duarte. E irmã de D. Pedro Gastão, casado com D. Esperanza, Condessa de Barcelona, mãe de D. Juan Carlos e avó do rei Felipe. Primos direitos, portanto, do Príncipe D. Pedro Henrique, que era o Chefe da Família Imperial do Brasil. Caso França, Portugal e Brasil estivessem sob o regime monárquico, eles seriam os monarcas. O que pode justificar o erro da opção republicana dos três países.

D. Isabel, no seu livro, publicado há meio século, mulher de muita personalidade, nunca apoiou a aventura do irmão de não reconhecer a renúncia do pai, D. Pedro de Alcântara, que desistiu dos direitos ao trono brasileiro para se casar com a Condessa Dobrzensky, da Boémia.

Depois de voltar ao Brasil, em 1939, devido à guerra, Isabel já tinha cinco dos 11 filhos e passou 15 meses no Palácio Grão Pará, em Petrópolis, com os pais e os irmãos. Faz muitas referências ao irmão mais novo, D. João, oficial aviador que combateu na guerra, que se casou com a egípcia D. Fátima de Alexandria, com muito carinho. Este, aliás, era o mais carismático entre os príncipes brasileiros.

Isabel deixou Tânger, pois viviam no Marrocos francês, chegaram a Sevilha e partiram de autocarro para Lisboa. Na cidade foram acolhidos em casa dos condes de Pernes e de seu filho Conde das Antas e conviveram com amigos como os Corte Real. No Brasil, acolhidos pelas famílias mais tradicionais, de simpatias monárquicas, como foi o caso de Peter Landsberg, que veio a ser presidente da “Shell” no Brasil, casado com a portuguesa Maria José d’Orey, os Melo Franco, que a levaram e ao Conde de Paris para conhecerem “as cidades portuguesas de Minas Gerais”, aqui chamadas de cidades históricas. Também passaram dias na propriedade do médico Georges Grey, casado com Clô, filha do político e governador do Rio, Raul Veiga. A filha Diane nasceu em Petrópolis, a sexta dos 11 filhos.

A irmã de Isabel, Teresa, morava em Portugal, casada com o espanhol Ernesto Martorell, em solenidade oficiada pelo Cardeal Cerejeira. A Condessa de Paris era apreciadora das touradas portuguesas, que conheceu nas tentas no Zambujal, propriedade dos irmãos Manuel e Mário Vinhas, em Águas de Moura. 

No mundo em permanentes mudanças, com o desgaste dos políticos republicanos nos quatro cantos do mundo, com a democracia tendo cedido à demagogia e à corrupção e às ameaças de retrocessos de inspiração marxista, é sempre oportuno lembrar as famílias reais, que legaram exemplos de sensibilidade, elegância, bondade, patriotismo e coragem.

A junção dos Orleães, da França, com os Bragança, de Portugal, deu exemplos comoventes, como a admirável Rainha Amélia de Orleães. ■