Governo arruína até o turismo

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Portugal tem sido um fornecedor de turismo solarengo e seguro para os países do norte da Europa. Os nossos governantes, toda a vida dependentes do dinheiro fácil dos contribuintes, sem conhecimentos de gestão no mundo real, não entendem que lhes pagamos para garantirem a nossa segurança. Desconhecem o que aconteceria a um fornecedor que pusesse em causa a segurança dos produtos que vende e que, em vez de admitir e corrigir tais erros, insultasse os clientes que não quisessem comprar material menos seguro que o dos outros fornecedores. 

Até ao ano passado éramos o quarto país mais visitado pelos ingleses na Europa do Sul, depois da Espanha, França e Itália. No entanto, éramos seguidos de perto pela Grécia que, juntamente com mais concorrentes como Chipre, Malta ou Croácia, apresentam agora o trunfo de serem até 1.000% mais seguros no Covid-19, com um décimo das nossas mortes per capita e sem ressurgimentos de casos e mortes nas suas capitais. 

As especificações dos clientes países norte-europeus para o produto de que gostam, turismo na Europa do Sul, são simples: sol brilhante, boas praias, alguma história/gastronomia e muita segurança, sendo que este último requisito tem escasseado do lado não europeu da bacia do mediterrâneo e arredores. Para azar deles e sorte nossa. Perante a insegurança de eventos como um terrorista de metralhadora na mão nas praias da Tunísia, a nossa segurança parecia imbatível. Os ingleses e os norte-europeus em geral achavam, até agora, que férias no Sul da Europa eram um produto seguro. Infelizmente, este ano apareceu um assassino peculiar em Portugal, o SARS-Cov-2. O Governo português, ao contrário do grego e da maior parte dos Governos do mundo, não foi capaz de controlar este assassino devidamente.  Os turistas não querem assassinos, terroristas ou vírus, em plena praia. Querem sol em segurança. 

O turismo português tem florescido muito e sustentado a nossa economia, com oferta turística viável de muita qualidade, sem qualquer ajuda do governo que tem andado entretido a sustentar negócios inviáveis de amigos de políticos na energia, banca, aviação, helicópteros, rodovias, pontes, ambiente, proteção civil e comunicações de emergência. Para o turismo continuar a ser a única salvação da economia, o governo só tinha de providenciar a segurança do país, não comprometendo essa segurança, que era uma das principais vantagens competitivas do nosso turismo. No entanto, nem disso foi capaz.  Neste momento, a maior parte das nações da Europa não acreditam que Portugal seja um país seguro para os seus cidadãos. Por isso proíbem voos vindos de Portugal ou exigem uma quarentena de 14 dias aos turistas que regressarem daqui.  

A Inglaterra é rica porque, ao contrário dos políticos de Portugal, que só procuram maus negócios com amigos deles mas dinheiro nosso, procura bons produtos junto dos melhores fornecedores do mundo. Os ingleses compram-nos vinho do Porto há séculos porque um bom vintage é dos mais deliciosos produtos mundiais. Se o vinho deixasse de ter qualidade e não cumprisse especificações, deixavam de o comprar.  No final do Século XIX, os ingleses permitiram-nos, apesar do humilhante ultimato, manter uma parte significativa de África porque o nosso produto, a obediência aos ingleses, era melhor que o dos bóeres holandeses que disparavam contra eles.  

Agora o Reino Unido publicou uma lista de países onde, após o regresso, os viajantes não precisam de fazer quarentena. Ou seja, na prática emitiu uma lista de fornecedores preferenciais de turismo e outras atividades económicas. Dessa lista excluiu Portugal, por não acreditar nos milagres falsos do Governo português, tão propagandeados na comunicação social, mas tão pouco credíveis. Muitos outros países europeus também rejeitaram turismo em Portugal por nos considerarem inseguros devido à má gestão do Governo no Covid-19 a nível nacional, com muitos mortos por milhão e uma situação descontrolada de crescimento do vírus na Grande Lisboa. 

Como principal concorrente de Portugal, a vender o produto sol em segurança como nós, está a Grécia, com apenas 18 mortos por milhão versus os trágicos 158 mortos por milhão no nosso país. Portugal tem quase 1.000% a mais de mortos, o que significa que a Grécia é 1.000% mais segura.  Se o leitor fosse inglês e quisesse fugir da muita chuva e muita Covid-19 em Londres, ia para outro país que tivesse sol, mas também muito SARS-Cov-2, ou para um país com sol e ainda por cima quase sem o vírus? É que não é só a Grécia que é muito mais segura que nós para o turismo neste momento.  O Chipre também só tem 16 mortos por milhão, Malta 20 e a Croácia 28.  Portanto, estamos a falar de muitos fornecedores do produto sol bastante mais seguros. 

O Governo da Grécia foi excelente, assegurando que o seu turismo era competitivo, sendo um fiável fornecedor do mesmo em segurança.  Lá iniciaram quarentena precoce nos aeroportos assim que souberam a gravidade do que se passava por perto, na Itália. Informaram sempre a sua população com dados epidemiológicos factuais e seriedade na televisão e nunca permitiram grandes festas políticas de amigos e espetáculos de comediantes do regime. Puseram a segurança da população acima da sua ânsia de se manterem no poder a todo o custo, incluindo mortes.    

Por contraste, o Governo de Portugal foi péssimo, não foi capaz de assegurar capazmente a segurança do país na Covid-19 logo prejudicou drasticamente o turismo. Não fez qualquer quarentena a passageiros que chegavam de zonas afectadas, mesmo depois de já saber a gravidade do que se passava por perto na Espanha.  Foi muito lento a fechar ou sequer reduzir as fronteiras aéreas.  Escondeu números epidemiológicos, nunca divulgando dados per capita nacionais, dos concelhos ou das freguesias para não se tornar obvio que desde o início, não só agora em Lisboa, a situação estava algo descontrolada e quase pior que em todos os países do mundo, em números de casos e mortes, como este autor apontou logo a 15 de Abril, tendo em conta a dimensão da nossa população. 

Mesmo quando essa verdade epidemiológica factual foi revelada, o governo continuou a mentir ou a insistir que era só uma questão do número de testes. Escondeu dos seus cidadãos que o país tinha um problema mais sério que a maioria dos outros países europeus. Contou para isso com a cumplicidade nefasta de uma TV doente e correspondentes jornais tradicionais impressos lisboetas que censuraram a verdade e denegriram quem alertou para ela. Na máquina propagandista do governo, com as notícias falsas insistentes sobre estar tudo bem comparativamente com outros países, induziram-nos numa falsa sensação de segurança, pondo em risco muitas vidas. Paralelamente, foram permitidas excepções perigosas e maus exemplos de festas políticas e grandes ajuntamentos só porque eram favoráveis ao Governo, mesmo sendo prejudiciais para a saúde pública. Desastroso exemplo odioso sobre incapazes a governarem mal. 

A maioria dos países Europeus que agora impuseram restrições a Portugal foram assim muito claros sobre a nossa insegurança na Covid-19 e a mentira que tinha sido propagandeada na comunicação social de um suposto “milagre” nacional. A estes países não interessa que Portugal tenha mais mortos por milhão que eles (a maioria) ou menos (apenas alguns), interessa-lhes é que quase todos os outros governos fornecedores principalmente de turismo são bastante mais seguros e eficazes.  

Podia-se argumentar que países como a Espanha, Franca, Itália, Holanda ou Bélgica também têm muitos mortos por milhão e estão entre os mais afectados, como Portugal, mas esses não providenciam só basicamente turismo. Fazem muito mais que isso. Têm uma economia muito mais diversificada e robusta, logo têm um tratamento preferencial por parte dos ingleses e outros. 

Os nossos governantes já nos tinham arruinado a economia minguada para muito pior que a desses países. Agora, até o nosso turismo arruinaram com a sua incompetência, propaganda falsa e falta de experiencia profissional fora da política.■